
A psicologia do desenvolvimento e gestão de carreiras em contexto organizacional, tem como objeto de estudo a relação entre o individuo e a organização onde trabalha. Os interesses, a produtividade e o proveito mútuo, são tópicos relevantes a ter em conta, de modo a sustentar o desenvolvimento dos indivíduos, dar resposta às necessidades das organizações e procurar um compromisso entre a estratégia organizacional e as aspirações de cada trabalhador.
Do trabalhador do século XXI espera-se que reúna um conjunto de características potenciadoras de uma carreira bem-sucedida. Em primeiro lugar deverá ter flexibilidade cognitiva e emocional, necessária para a mudança do seu campo de atuação e adaptação às necessidades do mercado. A criatividade, ou seja, a forma como o individuo lida com a informação obtida, de forma inovadora e “fora da caixa”, pode ser mais valorizada do que os seus conhecimentos propriamente ditos, uma vez que o que parece ser mais significativo no tratamento da informação é a originalidade, a imaginação e a capacidade de “pensar diferente”. Outra característica importante é a capacidade para fazer formação ao longo da vida. A evolução da tecnologia e o aumento de informação, obrigam a constantes atualizações, de modo a que se possam abraçar novos desafios. O individuo deve também promover o autoconhecimento, de forma a poder direcionar a sua ação no sentido da realização pessoal e da competência profissional, adequando as suas características individuais ao mercado de trabalho, ao longo do curso de vida. A cultura geral e o conhecimento eclético são fundamentais para o processo de construção da identidade e adaptação aos diversos ambientes e formas de trabalho.

Ainda no âmbito das características fundamentais do trabalhador do século XXI, incluem-se as competências relacionais. O individuo deverá ter capacidades de relacionamento interpessoal que lhe permitam atuar em diversos contextos, para que seja aceite, respeitado, integrado e que consiga fazer passar a sua mensagem. A capacidade de se expressar em palavras pode ser inata ou aprendida (ex. treino assertivo, de colocação de voz, leitura em voz alta, etc.,). A responsabilidade é também um imperativo. Só sendo responsável no modo como desempenha as tarefas é que um individuo consegue atingir e permanecer num determinado cargo. De referir ainda o empreendedorismo, sendo que este exige um conjunto de características psicológicas específicas que nem todos os indivíduos possuem. Algumas dessas características podem mesmo ser incompatíveis entre si. Habitualmente um empreendedor não se fixa apenas num projeto, parte para outros, o que implica características de personalidade que nem todos têm.

A capacidade de entender e aceitar as diferenças culturais é uma regra fundamental para entender o outro e para se ser bem entendido. Deve haver reconhecimento e aceitação da igualdade da cultura do outro em relação à sua. Por fim, destaque para as tecnologias em constante evolução. O individuo deve ter a capacidade de aprender e de se adaptar às novas tecnologias e de saber trabalhar em rede. Assim, o trabalhador dos tempos modernos tende a ser visto como colaborador, sendo dado relevo à relação deste com a organização. O conceito de “emprego para a vida” e a ascensão na empresa por anos de trabalho leal e dedicado, vai terminando, bem como o conceito tradicional de carreira como aumento salarial ou promoção automática. Atualmente a gestão de carreira é uma tarefa partilhada entre o colaborador e a empresa, sendo que esta deverá promover programas de desenvolvimento de carreira para os seus funcionários, visando a sobrevivência e satisfação de ambos.

Fonte: J. Arnold (2010). Work Psychology, Understanding Human Behaviour in the Workplace. Trans-Atlantic Publications, Inc.; 6 edition.