A psicologia da educação é o estudo científico dos processos psicológicos em contexto educacional. O psicólogo educacional desempenha um papel de extrema importância em contexto escolar ou académico, tendo em conta os inúmeros desafios que os tempos atuais oferecem.
A psicologia educacional é uma ciência aplicada com o rigoroso conhecimento dos métodos de investigação e avaliação em psicologia, e das formas de os utilizar na prática do dia-a-dia, em diferentes situações e de intervir e regular essa intervenção. Assim, a psicologia da educação serve para ajudar a alcançar objetivos em melhores condições, permitindo uma maior qualidade, eficácia, segurança, controlo, planeamento, flexibilidade, adaptabilidade e previsibilidade dos processos educacionais.
A escola é parte integrante da vida da criança, e é em contexto escolar que ela passa muitas das horas do seu dia, em interações múltiplas, repletas de oportunidades de aprendizagem, socialização e crescimento.
A escolaridade obrigatória é um direito e um dever para todos os cidadãos com idades entre os 6 e os 18 anos. O Estado Português defende que os 12 anos de escolaridade são relevantes para o progresso social, económico e cultural da população e do país. Dentro da sala de aula, a criança aprende de forma estruturada as atividades e os conteúdos programáticos correspondentes ao ano que frequenta, no entanto, fora da sala de aula (e não menos importante), a criança experimenta diversas atividades e tem a possibilidade aprender através do brincar. Esta aprendizagem informal é de extrema importância a vários níveis, nomeadamente ao nível da socialização e desenvolvimento de competências relacionais.
A Psicologia tem dado ao longo dos tempos um forte contributo para a melhoria do ensino e da aprendizagem em sala de aula. Sabe-se que o bem-estar emocional influencia positivamente o desempenho escolar, a aprendizagem e o desenvolvimento das crianças e dos jovens.
O ensino e a aprendizagem estão intrinsecamente relacionados com fatores sociais e comportamentais do desenvolvimento, incluindo a cognição, a motivação, a interação social e a comunicação. Uma avaliação da saúde psicológica poderá ser de grande importância, não só em termos de prevenção, como no desenvolvimento de estratégias de intervenção, no sentido de melhorar o desempenho escolar e académico, as relações familiares e com os pares, e, consequentemente, a satisfação dos jovens com a vida. Promover o bem-estar emocional de crianças e jovens, irá certamente potenciar o sucesso da sua funcionalidade diária, bem como o sucesso do seu desempenho, tanto em sala de aula, como no restante ambiente escolar e não só…
As relações pessoais são essenciais ao ser humano. Com elas podem vir as maiores alegrias, aprendizagens e partilhas. No entanto, muitas vezes são também fonte de discórdia, tensão, mágoas ou sentimentos de incompreensão. A empatia permite-nos colocar no lugar do outro e melhorar significativamente as relações, as interações e a nossa própria satisfação com os outros e com a vida.
A empatia é a capacidade de nos colocarmos no lugar do outro, de “calçar os seus sapatos” e o perceber emocionalmente, com o objetivo de estabelecer uma ligação profunda e verdadeira. É a capacidade de nos identificarmos com alguém e partilhar os seus sentimentos e motivações. Só consegue ser empático aquele que desenvolveu a sua inteligência emocional e que, por isso, tem a capacidade de identificar, reconhecer e lidar com os seus sentimentos e com os dos outros.
Nem todas as pessoas conseguem ser espontaneamente empáticas, porém, se quiserem podem aprender a desenvolver essa competência. Há um conjunto de características que definem uma pessoa empática, como por exemplo ser curiosa, observadora, sensível, disponível, saber escutar, ser recetiva às emoções dos outros e ter uma boa capacidade de reflexão. Algumas pessoas são naturalmente mais empáticas que outras mas esta é uma competência que se pode aprender e desenvolver ao longo da vida.
Os três principais passos para o desenvolvimento da empatia são: saber praticar a escuta ativa, evitar “frases feitas” que servem para qualquer situação e tentar pensar e sentir como a outra pessoa. O primeiro passo é sem dívida saber ouvir. Focar-se na conversa sem distrações, adotar uma postura corporal que expresse o seu interesse no outro, evitando por exemplo, cruzar os braços, não interromper o discurso da outra pessoa, fazer apenas perguntas pertinentes, clarificar o que possa não ter entendido bem e ter um interesse real no que a pessoa lhe está a dizer.
Ainda que sejam ditas com a melhor das intenções e para tranquilizar a outra pessoa, frases “cliché” como “não te preocupes”, “vai correr tudo bem” ou “isso resolve-se”, não só não ajudam, como podem criar uma barreira na comunicação impedindo que a pessoa desabafe e expresse os seus sentimentos. Do mesmo modo, os conselhos, em determinados momentos não são recomendados uma vez que podem ser entendidos como um sermão ou uma verdade absoluta. Quando não sabemos o que dizer, o melhor mesmo é não dizer nada, nunca esquecendo que saber ouvir pode ser a melhor ajuda a dar naquele momento.
Pensar e sentir como a outra pessoa, é o terceiro passo para a empatia mas sem dúvida o mais difícil e desafiante. Colocarmo-nos no lugar do outro, perceber a sua perspetiva e procurar compreender e aceitar os seus sentimentos e emoções, pode exigir um enorme esforço da nossa parte. Tendemos a tirar conclusões ou fazer julgamentos sobre o que está a ser dito ou sobre o que está a acontecer, com base no nosso sistema de crenças, história de vida e expectativas. Porém, para sermos empáticos, é fundamental que deixemos de acreditar que os outros devem viver como nós e agir como achamos conveniente, aceitando a diferença, e, se possível, aprendendo com ela.
A ansiedade é uma reação comum e até certo ponto funcional, na vida de qualquer indivíduo, podendo manifestar-se por comportamentos de fuga ou evitamento. É normal que cada um de nós, em vários momentos da nossa existência, experienciemos o sentimento de ansiedade, sempre que avaliamos cognitivamente uma situação ou um acontecimento que consideramos importante.
O regresso às aulas é para a maioria crianças e jovens, um momento aguardado com alguma ansiedade. Corresponde ao reinício de rotinas e tarefas, interrompidas pelo período de férias. Principalmente as crianças do primeiro ciclo, tendem a revelar uma grande vontade de recomeçar a escola e de rever colegas e professores, o que de um modo geral, nem sempre é vivido com o mesmo entusiasmo por parte dos adolescentes. De qualquer modo, o momento de se confrontarem com novos professores, distribuição de turmas e horários, bem como novas disciplinas e novas matérias, pode ser sempre acompanhado de alguma ansiedade e outras emoções intensas.
A psicologia do desenvolvimento e gestão de carreiras em contexto organizacional, tem como objeto de estudo a relação entre o individuo e a organização onde trabalha. Os interesses, a produtividade e o proveito mútuo, são tópicos relevantes a ter em conta, de modo a sustentar o desenvolvimento dos indivíduos, dar resposta às necessidades das organizações e procurar um compromisso entre a estratégia organizacional e as aspirações de cada trabalhador.
Do trabalhador do século XXI espera-se que reúna um conjunto de características potenciadoras de uma carreira bem-sucedida. Em primeiro lugar deverá ter flexibilidade cognitiva e emocional, necessária para a mudança do seu campo de atuação e adaptação às necessidades do mercado. A criatividade, ou seja, a forma como o individuo lida com a informação obtida, de forma inovadora e “fora da caixa”, pode ser mais valorizada do que os seus conhecimentos propriamente ditos, uma vez que o que parece ser mais significativo no tratamento da informação é a originalidade, a imaginação e a capacidade de “pensar diferente”. Outra característica importante é a capacidade para fazer formação ao longo da vida. A evolução da tecnologia e o aumento de informação, obrigam a constantes atualizações, de modo a que se possam abraçar novos desafios. O individuo deve também promover o autoconhecimento, de forma a poder direcionar a sua ação no sentido da realização pessoal e da competência profissional, adequando as suas características individuais ao mercado de trabalho, ao longo do curso de vida. A cultura geral e o conhecimento eclético são fundamentais para o processo de construção da identidade e adaptação aos diversos ambientes e formas de trabalho.
Ao longo da infância, as relações sociais, nomeadamente com outras crianças, desempenham um papel importante no desenvolvimento infantil. Contudo, é na adolescência que a relação com os pares se torna mais relevante, tanto na aprendizagem de competências sociais como na expressão emocional ou até na construção da personalidade.
As relações de amizade e de igualdade que se estabelecem entre os adolescentes, a grande quantidade de tempo que partilham, bem como as atividades conjuntas, aproximam colegas e amigos, fazendo com que estes tenham uns nos outros um espaço privilegiado de cooperação, intimidade, confidencialidade, interajuda e até de “porto seguro”, apesar da competitividade que por vezes está presente. Ao integrar-se num grupo, ou seja, ser aceite pelos pares, o adolescente sente-se reconhecido pelo grupo e passa a participar e a contribuir para a existência desse mesmo grupo, desenvolvendo em si o sentimento de pertença, tão importante para as suas vivências dessa fase da vida.
A socialização consiste num processo interativo essencial para o desenvolvimento humano. Através da socialização, a criança satisfaz as suas necessidades básicas e assimila os aspetos culturais do seu contexto, contribuindo assim para o desenvolvimento reciproco de si e da sociedade. O processo de socialização tem o seu início no nascimento e mantém-se ao longo de todo o ciclo de vida de um indivíduo.
As mudanças que têm vindo a ocorrer nas últimas décadas, como o desenvolvimento tecnológico, as alterações das constelações familiares, a quantidade de informação disponível e a facilidade de comunicação, entre outros aspetos, têm vindo a modificar o modo como o processo de socialização ocorre. Apesar de todas as modificações observadas na vida moderna, a escola continua a desempenhar um importante papel na socialização infantil, na medida em que contribui fortemente para o desenvolvimento sociocognitivo das crianças, com grande impacto no seu futuro. É em contexto escolar que se adquirem os modelos de aprendizagem e é também neste contexto que se inicia a construção da identidade e do sentido de pertença ao grupo. É assim, entre a escola e a família que a criança se vai construindo enquanto indivíduo, à medida que adquire competências de linguagem, expressão afetiva e valores sociais, a par dos conteúdos programáticos adequados a cada fase do seu desenvolvimento.
Se uma criança/adolescente conseguir modificar o seu comportamento ou o seu modo de pensar acerca de uma dificuldade, pode por um lado melhorar o seu desempenho, ou por outro lado adaptar-se à sua condição, de modo a aprender a lidar com ela de forma a que ela seja menos perturbadora, ou até mesmo transformar a sua fraqueza em força.
De acordo com a opinião de vários especialistas nesta área, a intervenção psicológica em crianças e adolescentes deve contemplar vários domínios: físico, cognitivo, emocional e social. Qualquer avaliação implicará a inclusão destes 4 domínios, no sentido de perceber o funcionamento da criança e de orientar o plano de intervenção de modo a torna-lo mais completo, atrativo e eficaz. Ainda que as dificuldades apresentadas pela criança/jovem possam manifestar-se essencialmente num dos domínios, certo é que todos eles se interrelacionam e influenciam. Deste modo e a título de exemplo, se um jovem apresenta dificuldades ao nível do sono, o ensino e treino de estratégias de higiene de sono, que ao mesmo tempo incluem mudanças de comportamento e aquisição de hábitos de vida saudáveis, irá não só beneficia-lo no que diz respeito à qualidade do sono como também trazer-lhe vantagens ao nível físico, cognitivo e emocional.
Sendo as perturbações de ansiedade das mais prevalentes no universo infantojuvenil, a fobia social é um tipo de perturbação com grande expressão na adolescência, quer pelas suas especificidades, quer pelas características do desenvolvimento típicas desta faixa etária.
A ansiedade social caracteriza-se por um medo acentuado e persistente de uma ou mais situações sociais e de desempenho, nas quais o jovem está exposto a pessoas com as quais não tem proximidade nem à-vontade. Nessas situações, o jovem sente-se observado e avaliado e teme ser humilhado, envergonhado ou criticado. Nas situações em que tem que se expor, o adolescente sente-se muito ansioso embora possa reconhecer que tal sentimento é irracional e excessivo. Em alguns casos, o facto de ter que se expor, por exemplo perante a turma para a apresentação oral de um trabalho, o jovem pode mesmo ver escalar a sua ansiedade para um ataque de pânico. O medo da avaliação dos outros é normativo na adolescência, contudo quando esse medo impede a funcionalidade do jovem e lhe causa sofrimento, deverá ser alvo de avaliação e intervenção.