
A escola é parte integrante da vida da criança, e é em contexto escolar que ela passa muitas das horas do seu dia, em interações múltiplas, repletas de oportunidades de aprendizagem, socialização e crescimento.
A escolaridade obrigatória é um direito e um dever para todos os cidadãos com idades entre os 6 e os 18 anos. O Estado Português defende que os 12 anos de escolaridade são relevantes para o progresso social, económico e cultural da população e do país. Dentro da sala de aula, a criança aprende de forma estruturada as atividades e os conteúdos programáticos correspondentes ao ano que frequenta, no entanto, fora da sala de aula (e não menos importante), a criança experimenta diversas atividades e tem a possibilidade aprender através do brincar. Esta aprendizagem informal é de extrema importância a vários níveis, nomeadamente ao nível da socialização e desenvolvimento de competências relacionais.

Brincar é um princípio fundamental consagrado na convenção dos Direitos da Criança (Unicef, 2004). A brincadeira permite à criança descobrir-se, compreender o seu meio envolvente e lidar com a afetividade mas também com a frustração, cooperação e competição. Brincar potencia o desenvolvimento da coordenação psicomotora, da criatividade e promove o desenvolvimento do autoconhecimento, dando à criança a possibilidade de ser autónoma e responsável pelas suas decisões, ao mesmo tempo que aprende a relacionar-se com os outros. Em contexto familiar, o papel do cuidador nas brincadeiras (ex. pais, avós) deverá ser o de interagir, respeitar o tempo e as regras, demonstrar respeito e sensibilidade, agir de forma positiva e articular as diversas áreas de conteúdo, orientando, mediando, propondo desafios, estimulando a curiosidade, a criatividade e o raciocínio lógico da criança.

Também a prática habitual de desporto entre as crianças, supõe toda uma série de benefícios para a saúde física e mental e para a aprendizagem social. O exercício físico permite-lhes manterem-se em forma, lutar contra a obesidade, libertar o stresse, melhorar a qualidade do sono e aumentar o seu bem-estar, com repercussões muito positivas no rendimento escolar. As atividades extraescolares desportivas também ensinam bons hábitos e valores. As crianças aprendem a comprometer-se, a trabalhar em equipa (na maior parte dos desportos), a superar-se e a aceitar as derrotas. Fomenta-se a amizade, o companheirismo e o respeito pelas regras e pelos outros. É importante na altura de escolher a atividade extraescolar, que a criança participe no momento da escolha e tomada da decisão. Obrigá-la a fazer um desporto que não gosta é contraproducente porque se frustrará e não desfrutará.

Nos dias de hoje, atendendo as mudanças sociais e tecnológicas, o mundo digital tem uma influência avassaladora nas nossas crianças. O corpo passou a ter funções não expectáveis, como por exemplo o sedentarismo excessivo e o foco nas “pontas dos dedos”. A falta de atividade e de movimento na primeira infância tem consequências graves no desenvolvimento da criança, na medida em que impede a exploração, o risco e a descoberta, mantendo a criança “desligada” do mundo natural, o que diminui as suas competências essencialmente motoras mas não só. O decréscimo do comportamento lúdico da brincadeira livre, e um aumento muito significativo de atividades sedentárias, potenciam nas crianças o surgimento de patologias como a ansiedade, depressão, excesso de peso, diabetes, doenças respiratórias, entre outras.

A criança livremente exposta ao contexto natural que a rodeia, no início brinca com o seu próprio corpo, depois com os objetos que tem ao seu alcance e mais tarde com os elementos naturais que descobre pela exploração do “mundo”. Isto é fundamental para o seu desenvolvimento mental, para a estruturação da linguagem e para as aquisições motoras e percetivas, fundamentais para o seu equilíbrio e para a sua capacidade de adaptação, tanto do ponto de vista escolar, como do ponto de vista relacional.