
Ao contrário de outro tipo de atividades, em que com relativa facilidade se controlam as variáveis necessárias para um bom desempenho, a atividade de conduzir um automóvel acontece num ambiente complexo e em constante mudança, muitas vezes imprevisível e que exige uma permanente atenção e adaptação por parte do condutor.
A interação entre o condutor e o veículo é condicionada tanto por estes dois elementos, como pelos restantes elementos presentes no contexto rodoviário, como até mesmo pelas condições atmosféricas ou pelas condições das infraestruturas. Para além da legal licença para conduzir, ou seja, a carta de condução, e das características do automóvel, o condutor tem a permanente necessidade de se adaptar ás múltiplas exigências do ambiente em que se desloca, que uma vez que estão em permanente mutação e que exigem comportamentos diferenciados.

Quando relacionamos a atividade de conduzir um automóvel com a competências e características do condutor, percebe-se com relativa facilidade que as exigências numa tarefa como a condução, só podem ser corretamente compreendidas, se forem levados em consideração todos os determinantes referentes à pessoa, ao seu desempenho e ao grau de exigência da tarefa.

A complexidade da atividade de conduzir um automóvel, bem como o dinamismo que esta tarefa implica, levou por parte de alguns estudiosos na área da psicologia, o desenvolvimento de um modelo que inclui 3 dimensões distintas mas interligadas, nomeadamente a hierarquia da tarefa, o desempenho da mesma e o processamento da informação. Estas 3 dimensões integram a complexa e exigente tarefa de conduzir, que compreende os 3 níveis hierárquicos. No topo desta hierarquia encontra-se o nível estratégico, onde se dá a tomada de decisão em termos de estratégia como por exemplo a definição do percurso. De seguida na hierarquia, segue-se o nível tácito ou de manobra, onde se tem que lidar com a imprevisibilidade do contexto, como é o caso da gestão do espaço que dista dos outros condutores, ou as reações imprevisíveis destes. No final da hierarquia, encontram-se os processos mais básicos do controlo do automóvel e os comportamentos automáticos.

A condução pode ser mais ou menos fácil ou difícil, consoante a aptidão do condutor e da exigência da tarefa. A perda do controlo na condução pode ser multicausal, principalmente quando a exigência da tarefa é superior às competências do condutor. A forma como cada indivíduo conduz, é marcada também pelas suas características individuais e pela sua história de vida. Assim, conduzir reflete não só a forma como o fazemos, mas também a forma como estamos dispostos a fazer parte de uma cultura de mobilidade, para a qual cada condutor contribui com expectativas, modelos de aprendizagem, valores e ainda mitos e crenças acerca da capacidade que cada um tem para conduzir.

Cuide de si, aprenda a regular as suas emoções, conduza com precaução e seja feliz!
Fonte:
Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP).