Em contexto escolar, nem todas as relações são pacíficas entre pares. Gosta-se mais de uns do que de outros, como é natural, e o mesmo acontece em relação aos professores. Cada professor tem a sua personalidade, a sua forma de comunicar, de ensinar e até de repreender, o que faz com que por vezes alguns alunos não gostem de alguns professores.
Á semelhança do que pode acontecer com qualquer outra pessoa, por vezes a criança/adolescente pode não gostar de um determinado professor. Pode acontecer que haja um “choque” de personalidades e que nem sempre a relação do aluno com um certo professor, seja a melhor. Por outro lado, assim como há alunos mais aplicados e bem-comportados do que outros, também há professores mais competentes e mais assertivos do que outros. No entanto, de um modo geral, os professores gostam dos alunos, querem dar-se bem com eles, têm prazer em ensina-los, em transmitir-lhes conhecimento, bem como a ajudar nas dificuldades e a elogiar e reforçar os bons desempenhos.
O que fazer então se uma criança/adolescente não gosta de um professor? Em primeiro lugar, deverá transmitir ao professor que tem vontade e está disponível para manter uma boa relação com ele. É muito importante que falem sobre algum acontecimento negativo ou mal-entendido que tenha ocorrido, e que o clarifiquem. A criança/adolescente deverá ser sensibilizada para o facto de que não somos todos iguais e que podemos ter opiniões e modos de agir diferentes. Aceitar que assim é, pode ajudar o aluno a aprender a lidar com essas diferenças, que afinal irão estar presentes nos vários contextos, por onde o aluno irá passar ao longo do seu ciclo de vida. Aprender a lidar com os que agem de maneira diferente da nossa, ajuda-nos a sermos mais tolerantes, inclusivos e bem adaptados.
Quando a criança/adolescente não consegue ultrapassar a situação que está na origem do “desentendimento” com certo professor, poderá falar com um adulto da sua confiança (ex. outro professor, pais, psicólogo) e pedir ajuda para resolver o problema. Um bom ambiente, nomeadamente em sala de aula, contribui para uma melhor aprendizagem. Pode também acontecer que numa fase inicial, por não se conhecer o professor, se crie uma imagem negativa do mesmo, pela sua forma de falar, pelo modo como expõe as matérias ou por qualquer outro motivo. Porém, deixar passar algum tempo, vai fazer com que a criança/adolescente conheça melhor o professor, se adapte a uma forma de ensinar diferente daquela que conhecia e que passe a gostar do professor, de quem inicialmente tinha uma primeira impressão negativa.
A relação entre alunos e professores é uma relação “de trabalho” que se pode comparar á relação que os pais têm com os seus chefes ou até com colegas. É uma relação diferente daquela que as crianças/adolescentes têm com familiares e amigos, pois estas baseiam-se em sentimentos como o amor, a amizade e o afeto. No caso das “relações de trabalho” entre alunos e professores, a sua principal característica é a que ambos recebem algo em troca e não é uma troca de afetos. O professor ensina o que sabe e o aluno aprende o que precisa e quer saber, sendo esta uma troca que não exige que se goste muito um do outro. Basta que haja respeito e educação de parte a parte e a finalidade desta interação é conseguida, sem problemas.
Mesmo quando o professor que dá a aula não é o favorito, o aluno pode ter com ele uma boa relação se cumprir as suas responsabilidades básicas enquanto aluno, ou seja, ir para a sala de aula com vontade de aprender, estar atento e corresponder ao que é pedido durante a aula, levar o material necessário para a aula e os trabalhos de casa feitos e dar o seu melhor para que o professor possa também ele fazer bem o seu trabalho. Estes são os deveres do aluno que também tem os seus direitos, tais como, esperar que o professor o respeite, responda às suas dúvidas e ajude nas dificuldades.
Uma relação inicialmente difícil com determinado professor, não significa que vá ser sempre difícil ou conflituosa, pode com o tempo, e com um melhor conhecimento de ambos, tornar-se numa relação com grande impacto positivo na vida de cada um.
Gracinda e a Psicologia 