O divórcio representa uma das experiências de vida mais desafiantes e emocionalmente exigentes que uma pessoa pode enfrentar. No caso das mulheres, especialmente em contextos socioculturais onde o casamento ainda é encarado como um dos pilares da identidade feminina, o divórcio pode ser vivido não apenas como uma rutura relacional, mas também como uma crise existencial. A solidão que muitas mulheres divorciadas sentem não se limita à ausência de um companheiro, ela é, frequentemente, mais profunda, refletindo um sentimento de desenraizamento, perda de pertença e até desvalorização pessoal.
Do ponto de vista psicológico, a solidão pode ser definida como a perceção subjetiva de isolamento ou de desconexão emocional face aos outros. No caso das mulheres divorciadas, esta perceção pode ser amplificada por diversos fatores. Em primeiro lugar, há frequentemente uma quebra nas rotinas sociais partilhadas durante o casamento, como jantares com amigos em comum ou alguns eventos familiares, levando à redução dos círculos sociais. Além disso, o estigma social ainda presente em certas comunidades, pode fazer com que estas mulheres se sintam marginalizadas ou julgadas, o que pode reforçar sentimentos de exclusão.

Outro aspeto relevante prende-se com a identidade. Muitas mulheres, ao longo de anos de relação conjugal, constroem grande parte do seu autoconceito em função do papel de esposa e, em muitos casos, também de mãe. Com o fim do casamento, essa identidade pode sofrer uma desestruturação abrupta, levando a um questionamento profundo: “Quem sou eu agora?” Este processo de redefinição identitária pode ser doloroso, sobretudo quando não é acompanhado por redes de apoio emocional eficazes.

Do ponto de vista clínico, psicólogas e psicólogos identificam frequentemente sintomas de depressão, ansiedade e baixa autoestima, em mulheres que passam por processos de divórcio não elaborados psicologicamente. A solidão, neste contexto, não é apenas um estado emocional transitório, mas pode tornar-se crónica, afetando o bem-estar psicológico e físico da mulher. Vários estudos sugerem que a solidão prolongada está associada ao aumento de problemas de saúde, como distúrbios do sono, doenças cardiovasculares e enfraquecimento do sistema imunitário.

Contudo, importa salientar que o divórcio, apesar do sofrimento inicial, também pode constituir uma oportunidade para o crescimento pessoal. Muitas mulheres, com o tempo e o apoio adequado, redescobrem interesses, reforçam laços de amizade e constroem novas formas de estar na vida mais alinhadas com os seus desejos e valores. A psicoterapia, grupos de apoio e atividades de socialização são estratégias eficazes para combater a solidão e promover a resiliência.

A solidão vivida por mulheres divorciadas é um fenómeno complexo, influenciado por fatores emocionais, sociais e identitários. É essencial que esta realidade seja compreendida com empatia e acolhimento, de forma a permitir que cada mulher possa reconstruir o seu percurso de forma autónoma e saudável. O papel da sociedade, das redes de apoio e dos profissionais da saúde mental é crucial neste processo de cura e reencontro consigo mesma.