A Psicologia do Natal: Entre o Menino Jesus e o Pai Natal

O Natal reúne símbolos que marcam a infância e influenciam a forma como crescemos. Entre eles, o Menino Jesus e o Pai Natal ocupam lugares especiais no imaginário das famílias. A psicologia ajuda-nos a compreender como estas figuras moldam emoções, crenças e memórias.

A época natalícia é um período especialmente rico do ponto de vista psicológico, combinando tradições, emoções e símbolos que acompanham as famílias ao longo de gerações. Entre esses símbolos surgem duas figuras muito presentes no imaginário infantil e adulto: o Menino Jesus e o Pai Natal. Embora pertençam a universos diferentes, um ligado à espiritualidade e à narrativa religiosa do nascimento, outro à fantasia lúdica e social, ambos desempenham papéis complementares no desenvolvimento emocional das crianças.

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A Transformação Emocional de Ser Pai

Ser pai vai muito além do ato biológico de gerar um filho. Trata-se de uma transformação psicológica profunda, um processo que envolve identidade, responsabilidade e amor incondicional. A paternidade não é apenas uma função social, é um estado emocional e mental que exige adaptação, crescimento e, frequentemente, autoconhecimento.

Desde o momento em que um homem descobre que vai ser pai, inicia-se uma mudança interna. O futuro pai pode experimentar uma mistura de emoções: felicidade, medo, ansiedade e até dúvida sobre a sua capacidade de desempenhar esse novo papel. Estes sentimentos são normais e fazem parte da reestruturação mental necessária para abraçar a paternidade.

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Natal: Época de Reunião e Construção de Memórias

O Natal é, por excelência, um momento de união e celebração. Mais do que os presentes ou as luzes brilhantes, esta época destaca-se pelo que tem de mais precioso: a oportunidade de reunir a família, fortalecer laços e criar memórias que permanecem ao longo da vida.

À volta da mesa de Natal, as gerações encontram-se. É um tempo em que o presente e o passado se cruzam em histórias partilhadas, tradições mantidas e momentos únicos. Os mais velhos recordam Natais de outros tempos, recriam-se receitas, rituais e as crianças descobrem a magia desta festa. Cada prato servido, cada ornamento no pinheiro e cada canção cantada, têm o poder de unir os corações e construir uma herança emocional que atravessa gerações.

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Intimidade e Afeto na Relação Terapêutica

Em psicologia, a relação terapêutica é uma relação de ajuda, assimétrica e colaborativa, entre o psicólogo/a e o cliente ou paciente. Esta relação vai evoluindo ao longo do tempo, à medida que o cliente vai percepcionando a mudança e o benefício obtido pela intervenção, o que frequentemente corresponde ao modo como este se vai sentindo confiante, compreendido, seguro e contido na sua relação com o psicólogo/a.

Enquanto psicóloga clínica, a minha relação com o cliente/paciente, tem início com um pedido de ajuda/apoio feito por parte do próprio cliente ou por alguém em seu nome, motivado por problemas, dificuldades ou perturbações relacionadas com a saúde mental ou psicológica. As dificuldades podem ser de origem diversa e múltipla, e os vários pedidos de ajuda, embora por vezes tão distintos entre si, têm sempre um objetivo comum e muito específico – promover a mudança, de modo a aumentar a saúde, o bem-estar, a qualidade e a satisfação com a vida, da pessoa em sofrimento.

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Olá Dezembro! Olá Natal!

Mais um mês de Dezembro que inicia, trazendo consigo feriados, frio e festas, e muitas outras coisas, boas e menos boas, porém é sobre as festas, principalmente a festa do Natal, que hoje escrevo.

Escrever sobre o Natal é muito fácil para mim. Porque gosto especialmente do brilho das luzes que enfeitam as ruas, as casas e as árvores, da alegria das músicas alusivas a esta quadra, da azáfama (controlada 😊) para fazer as compras para a consoada, os presentes para a família e amigos, a nossa rede real. Gosto dos embrulhos, dos laços e das fitas. Gosto da casa enfeitada, da família reunida, de uma bonita mesa para a consoada, e da alegria e entusiasmo dos mais pequenos.

No Natal há sempre lugar para recordar com saudade os que já não estão fisicamente connosco, mas estão na nossa memória e no nosso coração. Lembrar com alegria o privilégio que foi, tê-los nas nossas vidas, e de os manter vivos nos nossos hábitos e costumes desta época festiva, através de uma receita de bacalhau da Mãe, dos Coscorões da Tia e das fantásticas Broas da Sogra…

No Natal, em família, recordamos e rimos daquele presente inusitado, de outro muito desejado, de uma receita que nos correu mal anos atrás, ou de outra que não pode nunca faltar. Rimos ainda ao recordar, aquele ano em que apareceu um Pai Natal gordinho e de fato encarnado, com uma voz igualzinha á do Tio João…

Natal é o que cada um de nós quiser e puder. Num momento em que o mundo se tornou num lugar perigoso e difícil de entender, não faltam motivos para que a magia e o brilho do Natal, sejam facilmente abafados pela tristeza e pela dor, sobrepondo-se á alegria de festejar. Porém, podemos sempre que possível, escolher desfrutar da presença dos que nos são tão queridos, e, na medida do que está ao alcance de cada um de nós, aproveitarmos para construir memórias felizes.

Respeitando todos os que por qualquer que seja o motivo, não apreciam nem festejam o Natal, desejo aos meus leitores umas Festas Felizes, e que o Ano que já está aí a espreitar, traga ao mundo a Paz, o Amor e a Compreensão, de que todos nós tanto precisamos!

Disciplinar é sobretudo ensinar

Perante os comportamentos difíceis das suas crianças, alguns pais sentem-se frustrados, culpados e até impotentes para lidarem com elas, levando a um desajuste emocional e à deterioração das relações familiares. Alguns comportamentos como as birras e os amuos, são de alguma forma normativos, porém constituem de facto um grande desafio para muitos educadores.

Quando a criança parece ter dificuldade em ouvir os pais, obedecer, cumprir regras e respeitar limites, os pais tendem a ficar emocionalmente desorganizados, acabando muitas vezes por ceder aos caprichos dos filhos, no sentido de reestabelecerem a tranquilidade de que necessitam. Por outro lado, os pais podem ficar muito zangados, com raiva, o que leva a que não consigam dar as respostas mais adequadas à situação. A disciplina positiva visa ajudar os pais a lidarem com os seus filhos e com os seus comportamentos por vezes desadequados, de uma forma mais adaptativa, benéfica e promotora do bem-estar e da harmonia familiar.

Foi socialmente aceite durante várias gerações, que os pais utilizassem a punição física como forma disciplinar os seus filhos. Hoje em dia, essa forma de punir é considerada uma forma de abuso, sabendo-se que as suas consequências são potencialmente negativas. Bater, para além de poder magoar a criança devido ao desequilíbrio entre a força e o porte de um adulto comparativamente à da criança, é também um exemplo de como resolver os problemas com recurso á violência, o que não é um bom modelo. Do mesmo modo, a recompensa material pode não ser a melhor forma de reforçar um comportamento positivo, sendo o elogio a opção mais recomendada. Contudo, e sem pretender adotar uma atitude extremista, há que ter noção daquilo que pode ser ou não uma agressão e daquilo que pode ser ou não uma recompensa material.

Os bons comportamentos são muitas vezes recompensados com doces, brinquedos, uma refeição preferida, tempo de écran, ou seja, algo que dá satisfação à criança e que está dentro das possibilidades dos pais. Os maus comportamentos são por vezes punidos com castigos corporais, como palmadas, puxões de orelhas, bofetadas ou gritos e abanões, estratégias muito eficazes no momento mas certamente pouco eficazes a longo prazo, uma vez que incutem o medo e não ensinam à criança nada de positivo. Também a retirada de privilégios é uma forma de disciplinar bastante comum. Ficar sem o brinquedo preferido, sem poder jogar ou ver vídeos nos dispositivos tecnológicos, deixar de poder ver televisão por um período de tempo ou ficar fechado no quarto, são exemplos de castigos por vezes utilizados pelos pais com o objetivo disciplinar os filhos.

A psicologia humanista teoriza sobre a possibilidade de se poderem utilizar um conjunto de “ferramentas” para ajudar as famílias a melhorarem o relacionamento entre pais e filhos, no que diz respeito à disciplina. Estas “ferramentas” baseiam-se no pressuposto de que as crianças beneficiam se aprenderem a cooperar, a autodisciplinarem-se, a responsabilizarem-se e a resolverem problemas. Este tipo de competências leva a que as crianças se desenvolvam de forma mais autónoma e confiante. A disciplina positiva assenta em cinco pressupostos claros e muito importantes para o sucesso da complexa tarefa de educar. Em primeiro lugar, disciplinar deve incluir firmeza mas também doçura e gentileza, bem como regras e limites bem definidos e coerentes. A disciplina positiva traduz-se no equilíbrio entre o autoritarismo e a permissividade, com vista á promoção do respeito mútuo.

Em segundo lugar está a importância atribuída à criança. Respeitar e saber ouvir a criança vai ensina-la a respeitar e saber ouvir os outros. Os pais são os primeiros modelos dos filhos, e estes tendem a repetir aquilo que observam.  Incluir os filhos nas decisões da família confere-lhes importância e o sentimento de pertença, fundamental para a cooperação necessária às relações familiares. Em terceiro lugar destaca-se a importância dos pais se conseguirem colocar no lugar dos filhos, ou seja, ter em conta o que estes sentem ou pensam de modo a poderem orienta-los na busca de soluções para os seus problemas e dificuldades. Em quarto lugar é de evidenciar a necessidade de oferecer às crianças a oportunidade de fomentar competências como responsabilidade, autocontrolo, empatia e respeito pelos outros, competências estas fundamentais no desenvolvimento psicossocial ao longo da vida. Por fim, mas não menos importante, está o facto de os pais poderem ensinar aos seus filhos a serem confiantes e a terem a possibilidade de aprender com os seus erros, evitando as críticas e os julgamentos.

Os fundamentos da disciplina positiva podem ser vistos como uma filosofia de vida, como uma forma mais adaptativa de enfrentar o enorme desafio da parentalidade, com todos os obstáculos que esta pode apresentar. Educar com respeito, amor, firmeza, responsabilidade, cooperação, afeto, rigor, aceitação, compaixão, envolvimento e empatia é educar de forma positiva. Desenvolver na criança a capacidade de autoconsciência leva a que esta evite determinados comportamentos, não por medo da punição mas sim por conseguir ter a consciência de que aquela não é a maneira correta de agir e porque lhe foram oferecidas e ensinadas as alternativas adequadas.

Disciplinar é mais fácil com amor, respeito, compreensão e tolerância!

Ciúme e amor romântico

O ciúme é uma emoção universal, que em maior ou menor grau, todo o ser humano experiencia, em algum momento da sua vida. Transversal às relações pessoais e sociais, o ciúme pode ser vivenciado em diversos tipos de relacionamentos: romântico, familiar ou de amizade.

Definir o ciúme não é fácil, mais fácil é sem dúvida identifica-lo. No entanto, podemos referir as suas principais características que incluem o facto de ser um sentimento perante uma ameaça percebida, que pressupõe a existência de um rival, quer este seja real ou imaginário, e é uma reação que tem como objetivo eliminar o risco da perda do “objeto amado”. Foquemo-nos então no amor romântico e no respetivo ciúme. Este é um ciúme que acontece entre casais, tipificado por um conjunto complexo de pensamentos, emoções e ações perante a ameaça da perda do amor do outro e do respetivo relacionamento. O ciúme decorre da existência de um triângulo social, ainda que imaginário o que desperta sentimentos como o medo, a raiva ou a tristeza e que podem levar o indivíduo a comportamentos por vezes irracionais e desadequados.

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Isolamento ou afastamento social na adolescência

Numa altura em que a palavra de ordem é isolamento, no sentido de mantermos distanciamento pessoal dos outros, importa entender o isolamento na adolescência. Muitos jovens, ao longo da difícil tarefa de crescer e se tornarem adultos, passam por momentos mais ou menos dolorosos em que por vezes se isolam, tornando esses momentos um tanto ou quanto perturbadores para os que com eles coabitam.

Comum no período da adolescência, o isolamento dos jovens geralmente ocorre em relação aos seus familiares mais diretos (pais) mas por vezes também em relação ao seu grupo de pares e à vida social em geral. A razão pelas quais o adolescente se isola pode ser de várias ordens. Por um lado, pode haver uma necessidade de se diferenciar em relação aos outros e de quebrar barreiras de autoridade que sente em relação a pais e professores. Mais do que isolamento, trata-se de um afastamento, por vezes marcado pela rebeldia, em que o jovem procura ter novas experiências, quebrar regras e testar limites. Por vontade própria relacionada com traços de personalidade, pressão dos pares ou por necessidade de se sentir parte integrante de um determinado grupo, o adolescente tende a afastar-se das ideias, opiniões e recomendações dos adultos significativos e fecha-se no seu mundo, passando a viver centrado em si em busca do auto-conhecimento e da autonomia.

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A família e o desenvolvimento da criança

Família e criançasO desenvolvimento saudável da criança pressupõe a satisfação das suas diversas necessidades básicas. Desta forma a criança terá uma favorável adaptação aos vários contextos em que se movimenta. A família assume assim um papel fundamental enquanto contexto de interações privilegiadas por proximidade física e afetiva.

Na infância, a criança ainda não adquiriu todas as competências e capacidades necessárias à satisfação das suas necessidades básicas, à sua autonomia e ao equilíbrio do seu desenvolvimento. Deste modo, é na família, principalmente nos pais, que a criança encontra o seu suporte. Em parte, são as competências parentais que vão determinar o curso do desenvolvimento da criança e da sua adaptação ao mundo. A saúde, a educação, o autocuidado, o desenvolvimento afetivo, a identidade, os relacionamentos familiares e sociais, são as dimensões definidas como fundamentais para o desenvolvimento favorável da criança. Continue a ler “A família e o desenvolvimento da criança”