Os benefícios de Aprender uma Nova Língua

A aprendizagem de uma língua estrangeira constitui um fenómeno complexo que envolve processos cognitivos, afetivos, motivacionais e socioculturais. Para além da sua relevância comunicativa, o domínio de um novo idioma representa uma oportunidade privilegiada para compreender o funcionamento psicológico humano, dado que mobiliza capacidades de atenção, memória, controlo executivo, autorregulação emocional e identidade social. Assim, a psicologia, enquanto disciplina que investiga o comportamento humano e os processos mentais, encontra neste domínio um campo de estudo particularmente rico.

Do ponto de vista cognitivo, aprender uma língua estrangeira implica a ativação simultânea de múltiplos sistemas mentais. A aquisição de vocabulário requer a articulação entre a memória de trabalho, a memória declarativa e os mecanismos de consolidação a longo prazo. Alguns estudos mostram que saber falar duas línguas está associado a melhorias no controlo executivo, nomeadamente na flexibilidade cognitiva e na capacidade de alternar entre tarefas (Bialystok, 2011). Este efeito tem sido interpretado como consequência da necessidade permanente de monitorizar, inibir e selecionar representações linguísticas concorrentes, o que treina o sistema atencional.

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Saúde Mental e Académica: A Necessidade de Apoio Psicológico aos Jovens Universitários

À medida que o final do ano letivo se aproxima, muitos estudantes académicos em Portugal enfrentam um aumento significativo de stresse, ansiedade e exaustão emocional. A pressão das avaliações, a incerteza quanto ao futuro e a sobrecarga de tarefas acumuladas ao longo do semestre tornam esta fase particularmente exigente. Neste contexto, a procura por apoio psicológico tem-se tornado não só mais frequente, mas também mais urgente e necessária.

Não é novidade que a saúde mental dos estudantes universitários se encontra fragilizada. Um estudo realizado pelo Observatório Nacional da Saúde Mental Estudantil (ONSAME) em 2023 revelou que cerca de 63% dos estudantes inquiridos referiram sentir níveis elevados de ansiedade durante o período de exames, e 41% admitiram ter considerado procurar ajuda psicológica, embora muitos não o tenham feito devido a estigmas ou à falta de recursos acessíveis.

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Treino Cognitivo: O que é e como realizá-lo em segurança?

O treino cognitivo refere-se a um conjunto de atividades ou intervenções, estruturadas com o objetivo de melhorar ou preservar as funções cognitivas, como a memória, a atenção, a concentração, a linguagem e o raciocínio. Este tipo de treino é amplamente utilizado em diferentes faixas etárias e contextos, desde crianças com dificuldades de aprendizagem, até idosos que desejem prevenir o declínio cognitivo associado ao envelhecimento.

Apesar do seu potencial, é essencial que o treino cognitivo seja realizado de forma segura e adequada às necessidades individuais, evitando práticas que possam ser frustrantes ou ineficazes. O treino cognitivo pode ter diferentes finalidades, dependendo das necessidades de cada pessoa. A prevenção do declínio cognitivo, em idosos, ajuda a preservar as funções cerebrais e a promover o envelhecimento saudável. Em crianças e adolescentes, potencia competências como a resolução de problemas e a atenção e concentração. Em indivíduos com défices cognitivos decorrentes de doenças, como a demência ou lesões cerebrais, o treino de estimulação cognitiva pode ajudar a recuperar ou compensar funções perdidas.

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Orientação Vocacional e Sucesso Profissional: O Papel do Psicólogo Educacional

A psicologia educacional desempenha um papel crucial na orientação dos adolescentes no processo de descoberta das suas vocações e na tomada de decisões sobre seu futuro profissional. Foca-se em compreender de que forma os alunos aprendem e se desenvolvem em contexto educacional, e como diferentes fatores influenciam a sua motivação e o seu desempenho escolar.

Desde cedo, é essencial que as crianças sejam incentivadas a explorar diferentes áreas de interesse. O psicólogo educacional trabalha com os alunos no sentido de identificar os seus talentos, habilidades e paixões, ajudando-os a descobrir vocações que possam vir no futuro a trazer satisfação pessoal e profissional. Ao fomentar um ambiente de aprendizagem positivo e estimulante, o psicólogo ajuda a aumentar a motivação dos alunos para o estudo e para o desenvolvimento das suas potencialidades.

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A Banda Desenhada à luz da Psicologia

Os heróis de Banda Desenhada não envelhecem, permanecem iguais a si mesmos ao longo de um interminável número de aventuras. Embora algumas colecções de Banda Desenhada sejam “infindáveis” e já muito antigas, a verdade é que tanto o herói protagonista como os seus personagens, não acusam a passagem do tempo, preservando-se a sua imagem inicial.

A força fantástica dos super heróis, os seus poderes sobrenaturais e a sua excelente forma física, mantêm-se inalteráveis ao longo de décadas. Os heróis mantêm-se jovens e robustos e apesar das inúmeras aventuras, lutas e peripécias conservam ao longo do tempo, as suas capacidades e habilidades intactas. A banda desenhada encerra em si aspectos emocionais, motivacionais, cognitivos e comportamentais, tanto do ponto de vista do apreciador como do seu criador. No que diz respeito às emoções, será que podemos dizer que reler Banda Desenhada dos seus heróis de infância, reflete uma necessidade do indivíduo em voltar atrás no tempo e recuperar alguma ingenuidade infantil, de forma a reencontrar em si a sensação de que o tempo não passou?

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Escola, brincar e aprender

A escola é parte integrante da vida da criança, e é em contexto escolar que ela passa muitas das horas do seu dia, em interações múltiplas, repletas de oportunidades de aprendizagem, socialização e crescimento.

A escolaridade obrigatória é um direito e um dever para todos os cidadãos com idades entre os 6 e os 18 anos. O Estado Português defende que os 12 anos de escolaridade são relevantes para o progresso social, económico e cultural da população e do país. Dentro da sala de aula, a criança aprende de forma estruturada as atividades e os conteúdos programáticos correspondentes ao ano que frequenta, no entanto, fora da sala de aula (e não menos importante), a criança experimenta diversas atividades e tem a possibilidade aprender através do brincar. Esta aprendizagem informal é de extrema importância a vários níveis, nomeadamente ao nível da socialização e desenvolvimento de competências relacionais.

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Escola, desempenho, socialização e (des)motivação

A Psicologia tem dado ao longo dos tempos um forte contributo para a melhoria do ensino e da aprendizagem em sala de aula. Sabe-se que o bem-estar emocional influencia positivamente o desempenho escolar, a aprendizagem e o desenvolvimento das crianças e dos jovens.

O ensino e a aprendizagem estão intrinsecamente relacionados com fatores sociais e comportamentais do desenvolvimento, incluindo a cognição, a motivação, a interação social e a comunicação. Uma avaliação da saúde psicológica poderá ser de grande importância, não só em termos de prevenção, como no desenvolvimento de estratégias de intervenção, no sentido de melhorar o desempenho escolar e académico, as relações familiares e com os pares, e, consequentemente, a satisfação dos jovens com a vida. Promover o bem-estar emocional de crianças e jovens, irá certamente potenciar o sucesso da sua funcionalidade diária, bem como o sucesso do seu desempenho, tanto em sala de aula, como no restante ambiente escolar e não só…

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Sobredotação, criatividade e aprendizagem

Para que se considere que uma criança é sobredotada, o critério tradicional é que possua um quociente de inteligência – QI igual ou superior a 130, ou seja, elevado. Para isso, as crianças são sujeitas a testes de avaliação psicológica, onde põem à prova as suas competências nas diversas dimensões passíveis de avaliação, como por exemplo a compreensão verbal, a organização percetiva, a velocidade de processamento, entre outras.

A definição de sobredotação pode excluir crianças altamente criativas, cujas respostas pouco típicas e fora do comum fazem diminuir a sua pontuação nos referidos testes. Podem ainda ficar excluídas crianças provenientes de grupos minoritários, cujas habilidades podem não estar bem desenvolvidas, por falta de experiencias, oportunidades e de estímulos, embora possa existir potencial para tal. O mesmo se pode aplicar a crianças com aptidões específicas, que podem ser avaliadas como medianas ou mesmo revelar problemas de aprendizagem, noutras áreas distintas. Assim, foi adotada uma definição mais ampla, que inclui crianças que apresentam alta capacidade ou competência intelectual, criativa, artística ou de liderança em campos académicos específicos, e que necessitam de serviços e atividades educacionais especiais, no sentido de desenvolverem totalmente essas capacidades. O método de avaliação pode abranger critérios múltiplos que incluam resultados em testes de desempenho, desempenho em sala de aula, produção criativa, informação fornecida por pais e professores e entrevistas com os alunos. No entanto o valor do QI permanece como fator importante e muitas vezes determinante.

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Ensinar e aprender

O desejo de saber e a capacidade para aprender são características inatas do ser humano. Desde os primeiros dias de vida, as crianças utilizam as suas capacidades motoras, percetuais e sensoriais, para exercerem influência sobre os outros e sobre tudo o que os rodeia. É assim que identificam, apreendem e compreendem os vários ambientes onde se inserem, desenvolvendo competências físicas, cognitivas e sociais.

Quando as crianças entram na idade dos porquês, por volta dos 4 anos, isso não é mais do que a exploração da sua curiosidade, do seu desejo de saber. Na entrada para a para a escola, todo um novo mundo se abre às crianças. Mas será que o modelo clássico de escola e de ensino essencialmente expositivo, mata, aproveita ou incentiva o desejo de saber das crianças dos nossos dias? Supostamente a escola é uma fonte privilegiada de informação, onde as crianças têm acesso ao conhecimento e onde se dão, sem dúvida alguma, importantes processos de aprendizagem. Os professores são os grandes atores deste teatro de ensinamentos e conhecimentos, mas também os pares têm um papel muito significativo. Todas as experiências que ocorrem em contexto escolar, não só dentro da sala de aula mas também de recreio, são fontes de aprendizagem relevantes. No entanto, sem vontade e sem motivação não se aprende, não há aquisição de conhecimentos, ou se há, pode não ser suficientemente sólida e duradoura.

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