Eu não sou os meus pensamentos negativos

Manuela, 33 anos, entrou no consultório com um sorriso, em contraste com a expressão carregada que geralmente trazia quando começou o acompanhamento há dois anos. Sentou-se confortavelmente e, com um tom sereno, começou a falar.

“Tenho pensado muito no percurso que fiz até aqui. Quando comecei, sentia-me completamente perdida. A ansiedade não me deixava dormir, e a depressão tirava-me a vontade de sair da cama. O trabalho, de que sempre gostei, parecia um fardo. Hoje, vejo como tudo mudou.”

A psicóloga sorriu, incentivando-a a continuar.

Aprendi a reconhecer os sinais da ansiedade antes de eles me dominarem. As técnicas de respiração e relaxamento que me ensinou fazem toda a diferença! No outro dia, no trabalho, um cliente difícil começou a levantar a voz comigo. Em vez de entrar em pânico, respirei fundo e consegui manter a calma. Antes, teria ficado aflita o resto do dia, mas consegui seguir em frente.”

Houve um momento de silêncio antes da Manuela acrescentar, com emoção:

A terapia ajudou-me a ver que eu não sou os meus pensamentos negativos. Agora, quando surgem, já não me afundo neles. Questiono-os, como me ensinou. E as pequenas coisas voltaram a ter valor para mim. Voltei a sair com amigos, a ler, a caminhar à beira-mar…”

A psicóloga reconheceu o progresso de Manuela, reforçando as suas conquistas. Ela sorriu, com gratidão.

“Obrigada por tudo. Sei que ainda há caminho a percorrer, mas agora sinto que sou eu quem controla as situações.”

O que faz uma psicóloga clínica?

A Psicologia Clínica é uma área fundamental da Psicologia que se dedica à avaliação, diagnóstico, prevenção e tratamento de dificuldades emocionais, cognitivas e comportamentais. Uma psicóloga clínica trabalha com indivíduos, casais, famílias ou grupos, ajudando-os a compreender e superar problemas que afetam o seu bem-estar psicológico e qualidade de vida.

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Psicologia e Desenvolvimento Pessoal: uma Perspetiva Científica

A psicologia tem desempenhado um papel crucial no entendimento e na promoção do desenvolvimento pessoal, oferecendo ferramentas e abordagens baseadas na evidência para facilitar o crescimento individual. O desenvolvimento pessoal refere-se ao processo contínuo de autoaperfeiçoamento em várias áreas da vida, incluindo o desenvolvimento de competências emocionais, cognitivas e sociais. Este processo é frequentemente mediado por fatores psicológicos, como a motivação, a autorreflexão e a resiliência.

De acordo com Ryan e Deci (2000), a Teoria da Autodeterminação sugere que o crescimento pessoal está intrinsecamente ligado à satisfação de três necessidades psicológicas básicas: autonomia, competência e relação. A autonomia refere-se à capacidade de tomar decisões alinhadas com os valores e objetivos do indivíduo; a competência, relaciona-se com a sensação de eficácia ao realizar tarefas; e a relação tem a ver com o estabelecimento de conexões significativas com os outros. Quando essas três necessidades são atendidas, as pessoas tendem a experimentar maior bem-estar e motivação intrínseca para crescerem.

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Autoconhecimento e Autoconfiança: um Possível Caminho para a Aceitação Emocional

Muitos dos pedidos de ajuda que chegam à consulta de psicologia clínica, incluem as dificuldades do foro emocional, particularmente no que se refere a sentimentos de medo e ansiedade. Muitos pacientes têm grande dificuldade em experienciar e conviver com as suas experiências emocionais mais intensas e disfuncionais, pois estas vêm acompanhadas de desconforto ou até mesmo de intenso sofrimento emocional (e físico).

Uma vida ao serviço do desejo de não sentir ansiedade nem medo, especialmente quando regrada de forma rígida e inflexível, pode ter um impacto muito limitador, sendo possível que esse modo de operar defina de forma extensiva, a vida dos pacientes que chegam ao consultório à procura de ajuda” (Lucena-Santos, Pinto-Gouveia & Oliveira, 2015). Entendendo o autoconhecimento como a capacidade do indivíduo para se conhecer a si mesmo e ao seu padrão de funcionamento psicológico, é ele que possibilita o aperfeiçoamento de todas as outras competências psicológicas. “ (…) O autoconhecimento posiciona realisticamente o indivíduo no momento presente, conectando-o ao seu histórico de experiências, no qual tem origem o seu repertório comportamental, que atualmente pode exibir” (Poubel & Rodrigues, 2018). Neste sentido, um indivíduo com maturidade e realismo no que se refere ao autoconhecimento, estará em melhores condições de perceber, descrever e escolher os seus comportamentos atuais e futuros, tornando-se num agente mais ativo da sua própria história.

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Terapia de casal

A intervenção psicológica em situação de casal, foca-se no casal e não na relação em si. O importante é avaliar cada elemento do casal e intervir no sentido de melhorar a sua saúde emocional. Pessoas emocionalmente estáveis tendem a ter relações mais saudáveis e satisfatórias.

Os fatores de base para a manutenção de uma relação de casal satisfatória são o amor e a vontade de continuarem juntos. Quando surgem dificuldades ao nível relacional, os erros mais comum são a procura tardia de ajuda, a cedência “por arrasto” de um dos elementos do casal para comparecer às sessões terapêuticas, ou seja a falta de sintonia no processo de mudança, quer por não reconhecer que há um problema na relação, quer por, embora reconhecendo a existência de dificuldades, não esteja preparado para dar início ao processo de mudança. Ainda que reconhecendo problemas relacionais e estando preparados para mudar, podem haver fatores que impeçam ou dificultem o empreendimento de ações de mudança.

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O psicólogo educacional

A psicologia da educação é o estudo científico dos processos psicológicos em contexto educacional. O psicólogo educacional desempenha um papel de extrema importância em contexto escolar ou académico, tendo em conta os inúmeros desafios que os tempos atuais oferecem.

A psicologia educacional é uma ciência aplicada com o rigoroso conhecimento dos métodos de investigação e avaliação em psicologia, e das formas de os utilizar na prática do dia-a-dia, em diferentes situações e de intervir e regular essa intervenção. Assim, a psicologia da educação serve para ajudar a alcançar objetivos em melhores condições, permitindo uma maior qualidade, eficácia, segurança, controlo, planeamento, flexibilidade, adaptabilidade e previsibilidade dos processos educacionais.

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Muitas pessoas fantásticas têm baixa autoestima

Muitas pessoas revelam uma forte tendência para destacarem as suas fraquezas e darem pouca importância ás suas capacidades. Muitas pessoas são incapazes de se verem como realmente são. Muitas pessoas têm baixa autoestima.

A autoestima pode definir-se como como um conjunto de sentimentos e pensamentos do indivíduo em relação ao seu próprio valor, competência, confiança, adequação e capacidade para enfrentar desafios, que se traduz numa atitude positiva ou negativa em relação a si mesmo. Considera-se a autoestima um importante fator que influencia a forma da pessoa se perceber, se sentir e responder ao mundo. A alta ou baixa autoestima está relacionada com as experiências do indivíduo ao longo da vida, principalmente, aquelas que se referem à afeição, ao amor, à valorização, ao sucesso ou ao fracasso. Parece ser consensual que uma autoestima positiva é fundamental para que uma pessoa desenvolva ao máximo as suas capacidades.

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Adolescência, relações entre pares e o papel dos pais

Ao longo da infância, as relações sociais, nomeadamente com outras crianças, desempenham um papel importante no desenvolvimento infantil. Contudo, é na adolescência que a relação com os pares se torna mais relevante, tanto na aprendizagem de competências sociais como na expressão emocional ou até na construção da personalidade.

As relações de amizade e de igualdade que se estabelecem entre os adolescentes, a grande quantidade de tempo que partilham, bem como as atividades conjuntas, aproximam colegas e amigos, fazendo com que estes tenham uns nos outros um espaço privilegiado de cooperação, intimidade, confidencialidade, interajuda e até de “porto seguro”, apesar da competitividade que por vezes está presente. Ao integrar-se num grupo, ou seja, ser aceite pelos pares, o adolescente sente-se reconhecido pelo grupo e passa a participar e a contribuir para a existência desse mesmo grupo, desenvolvendo em si o sentimento de pertença, tão importante para as suas vivências dessa fase da vida.

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Ansiedade e faculdade, uma associação normativa

O momento em que os jovens terminam o enino secundário é um marco nas suas vidas. Aqueles que optam por continuar a sua formação em meio académico, enfrentam um grande desafio, desde o momento em que se candidatam, já para não falar, da por vezes difícil tomada da decisão acerca do curso e da instituição de ensino superior que irão escolher mas também até saberem se foram colocados, onde e em que curso. Tudo isto pode ser naturalmente, gerador de ansiedade.

A ansiedade é uma resposta natural do organismo a uma situação de alarme, medo, surpresa, desafio ou novidade. Por norma, aquilo que não conhecemos ou controlamos, pode provocar-nos ansiedade. É uma emoção normativa e por vezes muito protetora e adaptativa, no entanto, a ansiedade intensa e associada a sensações de angústia e a sintomas fisiológicos, pode tornar-se incapacitante e conduzir a patologia, causando um mal-estar significativo e pondo em causa a funcionalidade do indivíduo. A eminência da mudança, de um meio escolar conhecido e na maioria das vezes confortável, para ingressar no ensino universitário, novo e desconhecido, pode levar a uma expetativa apreensiva e causar sentimentos de ansiedade relacionados com a necessidade de adaptação ao contexto e ás vivências académicas.

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