Demência, vale mais prevenir…

Com o aumento da esperança média de vida, a população portuguesa está claramente a envelhecer. Nascem menos, morre-se mais tarde e temos na nossa população cada vez mais idosa, com tudo o que isso acarreta, quer a nível do bem-estar pessoal, como a nível social, pelo impacto de algumas doenças associadas ao envelhecimento. A Demência é uma delas.

Havendo mais idosos, as problemáticas que caracterizam esta faixa etária tendem a ser mais prevalentes. Se noutros tempos a maior parte das pessoas morria antes dos 75 anos, hoje em dia, houve já a necessidade de se estabelecer uma quarta idade, uma vez que há cada vez mais pessoas que ultrapassam a fasquia dos 90, bem como aqueles que chegam a centenários. Assim, se anteriormente a Demência era uma patologia que afetava principalmente os que estoicamente chegavam a velhos, hoje em dia a probabilidade de se ficar demente aumenta com a possibilidade de se poder viver mais.

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O papel do psicólogo no processo de envelhecimento

O envelhecimento da população mundial é uma realidade e Portugal não é exceção. Dos fatores que contribuem para esta situação, destacam-se a baixa natalidade mas também a melhoria das condições de vida e os avanços médicos e tecnológicos, que assim promovem o aumento da esperança média de vida.

Segundo dados do Eurostat, em Portugal cerca de26,6% da população tem 65 anos ou mais e estima-se que em 2050 esse valor ultrapasse os 40%. Este facto está a transformar as sociedades e a economia a nível global, levantando questões como o financiamento dos cuidados de saúde e as medidas de proteção social. Por outro lado, importa também não esquecer a importância da criação e implementação de programas de promoção da saúde e prevenção da doença, para que a qualidade de vida e o bem-estar das populações se mantenha o mais satisfatória possível, ao longo de todo o curso de vida, nomeadamente nos anos mais tardios.

Perante esta realidade, e uma vez que os adultos mais velhos estão mais vulneráveis à doença crónica, isolamento social, depressão e processos de demência, entre outras patologias, os/as psicólogos/as podem ter um papel fundamental na avaliação e acompanhamento destas pessoas, tendo em vista uma resposta adequada às suas necessidades. Tendo em conta a sua formação e o conhecimento cientifico teórico-prático sobre desenvolvimento, comportamento e sobre o impacto psicológico do processo de envelhecimento, os/as psicólogos/as estão preparados para apoiar os adultos mais velhos nos seus diferentes contextos de vida e problemáticas.

A eficácia da intervenção psicológica está demonstrada nas várias fases do desenvolvimento humano (desde a primeira infância). Assim sendo, alguns adultos mais velhos poderão beneficiar de uma intervenção psicológica com muito bons resultados, ao invés de intervenções apenas farmacológicas. Esta população apresenta frequentemente comorbilidades com outras patologias características da idade, encontrando-se por vezes muito medicada. Em muitas situações o recurso à psicologia pode ser a melhor opção. E quais poderão ser os campos de ação do/a psicólogo/a na sua intervenção com pessoas idosas?

Com esta população específica, o/a psicólogo/a pode ajudar a promover o envelhecimento ativo rentabilizando o potencial de cada indivíduo, para que numa relação terapêutica possam trabalhar as suas várias dimensões, tendo em vista o aumento do seu bem-estar. Questões como informar e consciencializar a pessoa acerca do natural processo de envelhecimento, desmistificar crenças e mitos sobre a velhice, promover uma perspetiva realista mas positiva da vida, salientar e potenciar os pontos fortes do individuo, facilitar a sua participação ativa em sociedade/comunidade, são áreas de abrangência do trabalho do/a psicólogo/a. A facilitação da expressão emocional, a compreensão dos processos e situações problemáticas da vida da pessoa idosa, bem como o apoio na adaptação a possíveis mudanças decorrentes do passar do tempo, cabem também na esfera da intervenção psicológica. A acrescentar, este profissional pode ajudar na aceitação e controlo da doença. física ou mental e respetivo tratamento, assim como ensinar e treinar estratégias para lidar com a dor, com a ansiedade, entre outras patologias típicas desta fase da vida, como por exemplo a prevenção da demência ou ainda o apoio em processos de luto.

Envelhecer faz parte da vida e saber envelhecer é muito importante na preservação da qualidade de vida e da satisfação com a mesma. Há que ter uma perspetiva de aceitação e de esperança e tomar decisões importantes para o seu próprio bem-estar emocional, físico e social. A felicidade é um direito universal e cada um de nós pode contribuir efetivamente para ela.

Não basta dar anos á vida, é fundamental dar vida aos anos. Se para isso sentir que precisa de ajuda, não espere mais, peça-a á Sua Psicóloga!

Demências: Alzheimer

A demência pode definir-se como a perda de funções mnésicas, deterioração do nível de funcionamento adaptativo e pela presença de, pelo menos, um outro sinal de um défice cognitivo major. As mudanças características da demência ocorrem a nível cognitivo, funcional e comportamental.

A origem da demência pode ser de causas múltiplas e diversificadas, podendo estar relacionada com doenças psiquiátricas (ex. depressão, esquizofrenia), com intoxicações causadas por químicos ou metais, com doenças inflamatórias dos vasos sanguíneos, como lesões cerebrais (ex. tumores, esclerose múltipla) ou ainda com défices vitamínicos (ex. vitamina B12 ou ácido fólico). Podemos distinguir dois tipos de demências: as subcorticais e as corticais. As demências subcorticais estão associados a disfunções da estrutura da matéria cinzenta subcortical e das projeções do lobo frontal. Estas afetam entre outros, os processos cognitivos (lentificação), revelando-se por défices ao nível da atenção e da memória, com dificuldade na recordação de informação aprendida, apesar da preservação do reconhecimento. As funções executivas ficam afetadas desde a fase inicial, existindo dificuldade na resolução de problemas, diminuição da fluência da linguagem, humor depressivo, apatia, falta de energia e défices ao nível do sistema motor (ex. tremores, alteração da postura, da marcha e da coordenação). Duas perturbações representativas deste tipo de demência são a doença de Pakinson e a doença de Huntigton.

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Solidão

Em tempos como os que vivemos desde há aproximadamente um ano e meio, o conceito de solidão tem estado muito presente na vida de muitos de nós. Uma das faixas etárias que mais terá sofrido as consequências do afastamento social é a dos idosos, uma população já de si mais vulnerável, por várias ordens de razão.

O conceito de solidão tem vindo a ser estudado por diversas áreas da ciência e do conhecimento, como a psicologia e a sociologia. A perceção de solidão é algo subjetiva, uma vez que, algumas pessoas convivem tranquilamente com o facto de estarem sós e outras se sentem sós e infelizes mesmo quando estão rodeadas de outras pessoas. Cada indivíduo sente a solidão à sua maneira e daí a dificuldade de se chegar a uma definição única e abrangente. As representações sociais da solidão incluem uma enorme heterogeneidade de significados, caindo em especificidades que dificultam a sua interpretação e entendimento. Em psicologia, o conceito de solidão pode ser caracterizado pela ausência afetiva do outro e com a sensação de se estar só. Ainda que próximo do ponto de vista geográfico, pode não haver aproximação psicológica devido à falta de interação e comunicação emocional entre os indivíduos.

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Velhos ou envelhecidos?

O envelhecimento é um processo inexorável que ocorre desde o nascimento até à morte e que pressupõe um conjunto de transformações do organismo, tanto a nível fisiológico como psicológico. Consiste na diminuição progressiva das funções cognitivas, físicas e motoras. A velhice por sua vez, não tem apenas a ver com os efeitos da passagem do tempo no organismo, mas também com a forma como o indivíduo se vai adaptando psicologicamente às transformações inerentes à passagem dos anos.

Parece consensual que distinguir envelhecimento de velhice faz muito sentido. Pode parecer um “lugar-comum” dizer que há velhos de 40 anos e jovens de 80, mas de facto a forma como o indivíduo enfrenta as dificuldades, resolve os problemas, escolhe estratégias que lhe permitem viver melhor e sobretudo, a forma como se relaciona com os outros e como mundo, leva-me a considerar que não é apenas a idade cronológica, as rugas e outras alterações do aspecto físico do indivíduo, que determinam o que é ser um velho. Ser velho, correlaciona-se fortemente com a perda de capacidades que permitam ao individuo manter-se auto suficiente, quer a nível físico como mental, mas também com a perda da capacidade de sonhar e de projetar o futuro.

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Quando os filhos “ganham asas”…

Alguns pais vêm os seus filhos como eternas crianças, dependentes de si. A perspetiva de os verem um dia sair de casa pode ser um tormento para muitos. Deixar “voar o passarinho” pode não ser fácil para algumas pessoas e obriga a alguns desafios. No entanto, é necessário aprender a lidar com a situação de autonomia e independência das novas gerações.

Em psicologia, o modo como alguns pais reagem de forma negativa à saída dos seus filhos de casa, denomina-se como “síndrome do ninho vazio”. Esta síndrome corresponde ao sofrimento emocional pelo qual alguns pais passam e que por vezes é bastante perturbador do seu funcionamento.  Perante a inevitabilidade dos jovens se tornarem independentes e por mais ligados que os pais estejam, lidar com essa situação vai ser também inevitável. Em alguns casos, os pais não possuem as ferramentas necessárias para ultrapassarem esta fase de forma adaptativa, podendo para isso recorrer a um psicólogo, no sentido de encontrarem em conjunto os recursos internos e/ou externos que cada um tem ao seu dispor. A fragilidade emocional pode levar por vezes à sensação de abandono, de solidão e de vazio, que pode conduzir a situações de depressão, de maior ou menor gravidade…

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