Demência -uma realidade

IdososCom o aumento da esperança média de vida, temos na nossa população, cada vez mais pessoas velhas. Escrevo velhas em vez de idosas ou séniores, ou outra coisa qualquer, porque acredito que o que pode ser realmente ofensivo não é a palavra que usamos para nos referirmos aos que já viveram muitos anos, mas sim, o modo como os tratamos ou destratamos.

Se há cada vez mais velhos, as problemáticas que caracterizam esta faixa etária tendem a ser mais prevalentes. Se noutros tempos a maior parte das pessoas morria antes dos 75 anos, hoje em dia, houve já a necessidade de se estabelecer uma quarta idade, uma vez que há cada vez mais pessoas que ultrapassam a fasquia dos 90, bem como aqueles que chegam a centenários. Assim, se antigamente a demência era uma problemática que afectava alguns dos que se atreviam a chegar a velhos (salvo algumas excepções de doentes mais novos que também podem desenvolver a doença), hoje em dia, a probabilidade de se ficar demente aumenta com a possibilidade de se poder viver mais.

IdososA demência é uma síndrome de deterioração da memória, do pensamento, do comportamento e da capacidade de desempenhar tarefas do dia-a-dia, e constitui-se como uma das principais causas de incapacidade e dependência dos mais velhos. O seu impacto verifica-se ao nível físico, psicológico, social e económico, no doente, nos prestadores de cuidados, nos familiares e na sociedade em geral. A demência é um problema grave de saúde mental e social, por vezes de difícil diagnóstico e com o qual muitas vezes é muito complicado lidar. Tratando-se de uma perturbação neuro-cognitiva torna-se imperativo aumentar o conhecimento sobre as suas bases neurológicas, contudo, e apesar da imensa investigação acerca desta temática, verifica-se ainda a ausência de terapias farmacológicas suficientemente eficazes, na prevenção e no tratamento da doença.

Idosos De início habitualmente insidioso, a demência tem um curso lento e progressivo com sintomatologia estável e duradoura ao nível das capacidades cognitivas, que se vão degradando, com evidencias claras ao nível da memória, linguagem e também da função executiva (ex. dificuldade para executar actividades de vida diária, como administrar dinheiro, conduzir ou preparar as refeições). Para além disso pode ainda apresentar alterações significativas no comportamento do indivíduo, como irritabilidade, agressividade e perturbações do sono, entre outras. Estas alterações, além de afectarem de forma muito negativa a vivência do doente, dificultam também a tarefa dos cuidadores e contribuem muitas vezes para a degradação do estado de saúde psicológica dos mesmos.

E então o que podemos nós todos fazer para lidarmos com o impacto desta doença?

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Antes de mais é importante estarmos informados. Conhecer os factores de risco, na sua maioria comportamentais, como o caso do consumo de tabaco e álcool, por exemplo, pode-nos ajudar a tomar a decisão de os evitar. Também o isolamento, solidão e a inactividade física são de elevado risco para o desenvolvimento desta patologia, pelo que se pudermos ajudar os mais velhos a não caírem nesse estilo de vida, será certamente benéfico. Todos estes factores têm uma relação complexa com a demência com efeito cumulativo. São factores de risco comportamentais associados à saúde, pelo que programas de promoção de bons hábitos de estilo de vida saudável poderão por si só ajudar na prevenção desta perturbação. Informação acerca da sintomatologia, diagnóstico, progressão e terapêutica, pode ajudar o doente e quem está à sua volta, ou seja, quem lida de perto com o problema. Formação, é outra palavra de ordem. Se tem familiares, amigos ou trabalha com pessoas mais velhas, procure fazer formação nesta área, de modo a melhor poder compreender e ajudar mas também para se proteger a si mesmo do efeito devastador que esta doença pode provocar nos cuidadores.

IdososO Psicólogo tem um papel muito importante no processo de rastreio e diagnóstico do paciente e poderá fazer a ponte com os médicos (clínico geral, neurologista, psiquiatra), no sentido de se proceder a uma correta avaliação clínica e neuro psicológica. Ele poderá ainda desenhar um plano de intervenção personalizado para implementar a cada indivíduo de modo a retardar a progressão dos sintomas da doença e promover/prolongar a autonomia e a independência do doente. O plano de intervenção psicológica na pessoa com demência passa pela estimulação e treino cognitivo, apoio na gestão dos sintomas psicológicos e comportamentais da demência, bem como apoio e informação/formação aos cuidadores (familiares e/ou profissionais).

Idosos Em jeito de conclusão gostaria ainda de referir que a investigação revela que a participação em actividades mentalmente estimulantes está associada a menor incidência de sintomatologia demencial, e que, mesmo em idades avançadas, a actividade mental mostra uma relação inversa com o risco de demência, independentemente das experiências de vida anteriores. Indivíduos com qualquer tipo de demência leve ou moderada, independentemente de tomarem a medicação adequada para o problema,  devem ter a oportunidade de participar em programas de estimulação cognitiva, desenvolvidos por profissionais com formação nesta área.

 

 

Vamos lá tratar de viver melhor, os muitos anos que podemos ter pela frente!  Contacte-me, eu posso ajudar!

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