
Na terapia de casal a intervenção foca-se essencialmente no casal e não na relação em si. O importante é avaliar cada elemento do casal e intervir no sentido de melhorar a sua saúde emocional. Pessoas emocionalmente estáveis tendem a ter relações mais saudáveis e satisfatórias.
Os “ingredientes” mais importantes para o sucesso de uma terapia de casal são o amor e a vontade de continuarem juntos. Alguns dos erros mais comuns dos casais com dificuldades relacionais são a procura de ajuda muito tardia; quando um elemento do casal quer pedir apoio e o outro vai “por arrasto” (falta de sintonia no processo de mudança); quando um dos elementos não reconhece que há um problema (fase de não contemplação); quando um ou os dois elementos do casal reconhecem que há problemas, mas não estão preparados para a mudança (contemplação); quando um dos dois pode não estar preparado para a ação (empreender ações de mudança) e quando há a crença de que o caminho de ambos passa por continuarem juntos, o que pode não ser a melhor opção…

O modelo de intervenção em terapia de casal , inclui a utilização de estratégias que permitam a cada elemento do casal “calçar os sapatos do outro”- “Se fosse comigo, como é que eu gostaria que ele/a respondesse”? A distinção entre reação e resposta é outro tema a incluir na terapia, bem como a noção de inteligência emocional, ou seja, a identificação de emoções no próprio e no outro, e o desenvolvimento de estratégias adaptativas para lidar com essas emoções.

A deficiente comunicação entre o casal ou a ausência de comunicação, podem ser o grande problema. Assim, é fundamental que em terapia de casal se possa desenvolver a assertividade, trabalhar as questões relacionadas com julgamento e a critica, a aceitação do outro, a promoção do diálogo e da cumplicidade, entre outras “tarefas”. O conflito nem sempre dita o final de uma relação. Este pode estar relacionado com o processo natural da adaptação dos parceiros um ao outro, em busca do equilíbrio.

A vivência dos afetos é outro fator sensível para os elementos do casal. Por vezes pode ser difícil manifestar afeto, verbalizar ou expressar afeto através de pequenos gestos e ações simbólicas. É também importante para o casal que ambos possam definir objetivos em comum, planos e sonhos. Também aprender a relativizar, ou seja, atribuir a cada situação/acontecimento, a sua verdadeira importância. Motivos pouco importantes podem conduzir a conflitos de grande impacto. Há que aprender a colocar várias perspetivas de uma mesma situação e avaliar forças e fraquezas, ganhos e perdas.

É fundamental que os elementos do casal aprendam a controlaros impulsos e a ansiedade, por exemplo, através de técnicas de relaxamento. É igualmente importante dizer “não” á competição. Uma equipa não compete entre si. Numa discussão não há vencedores, os dois saem vencidos e a relação afetada e fragilizada. Substituir a discussão pelo debate de ideias (assertividade e aceitação) é o passo a dar.

É importante sensibilizar para o possível distanciamento físico e emocional e para as suas consequências. A ausência física de carinho e/ou de respeito pelo espaço do outro, pode comprometer a relação, que deverá ser permeável á liberdade e á responsabilidade. Por outro lado, os sucessos de um elemento do casal são também os sucessos do outro, logo, devem ser elogiados e reforçados, o que vai contribuir mutuamente, para o aumento da autoestima de cada um. Se ambos contribuírem para a relação com o que têm de melhor (não tem que ser 50/50!) a probabilidade de sucesso da relação será maior.

Por fim, mas não menos importante, está a intimidade. As relações sexuais satisfatórias podem ser adaptadas á situação do momento. Não tem que haver um padrão “normativo”, nem de frequência, nem de desempenho. É Importante salientar a relevância da expressão das necessidades de cada um, para que possam desfrutar dos momentos de intimidade. De referir ainda que, na maioria das vezes, o envolvimento de outros familiares ou amigos nos problemas da relação, pode não ser uma boa prática e para além de não ajudar, pode contribuir ainda para agudizar o que já não está bem.

E se a solução for mesmo o fim da relação? Por vezes, só separados é que podem ser realmente felizes…