A morte do animal de estimação

Os seres humanos relacionam-se de forma única e profunda com os seus animais de estimação, podendo mesmo considera-los como membros da família. O afeto reciproco destas relações leva a que a sua perda seja muito significativa e possa ter grande impacto no bem-estar emocional dos seus tutores.

A profunda ligação entre seres humanos e animais, pode ser comparada ás relações humanas, sendo que em alguns casos pode mesmo ser mais profunda, gratificante de amor incondicional. Quando se vêm confrontados com a perda ou a eminencia da perda dos seus animais de companhia, muitas vezes após longos nos de ligação, os sentimentos gerados pela perda podem ser muito dolorosos para o indivíduo ou para a família.

Perder um animal de estimação pressupõe um luto por vezes idêntico ao luto por perda de um familiar ou amigo. Sentimentos de tristeza, ansiedade, raiva ou culpa podem ocorrer e causar mal-estar emocional significativo, nem sempre compreendido pelos demais. O impacto da perda e o processo de luto subjacente podem fazer agravar ou desencadear problemas ao nível da saúde mental e o indivíduo pode experimentar sentimentos muito profundos de tristeza, solidão, ansiedade, sensação de vazio e até perda de interesse em algumas atividades e isolamento social.

A culpa é um sentimento muitas vezes presente e difícil de ultrapassar após a morte de um animal de companhia. A pessoa pode pensar que não conseguiu proteger o seu animal (ex. acidente), que não foi competente para lhe prestar os cuidados adequados (ex. doença). É fundamental ter-se em conta o vínculo emocional que une o animal ao ser humano e compreender-se que quanto mais próximo, único e afetivo for esse vínculo, maior será o impacto da perda no Homem. Da mesma forma, quanto mais longa tenha sido a relação com o animal, por vezes muitos anos, maior será a dificuldade de lidar com a perda, pois mais difícil será a adaptação á sua ausência.

Á semelhança do que acontece quando se perde um ser humano, também o processo de luto por perda de um animal de estimação pode ser muito duro e complexo. O poio social pode ser um fator de proteção e de ajuda. A empatia, a compreensão e o afeto demonstrados pelos familiares e amigos, ou por grupos de apoio específicos (ex. veterinário), pode reduzir o sofrimento e o impacto negativo da perda.

Algumas pessoas com padrões de funcionamento psicológico mais introvertidos ou com maior dificuldade na expressão emocional, pode experimentar processos de luto mais difíceis. Para além do tipo de personalidade, também os padrões culturais podem interferir no modo como se vivencia a perda, uma vez que a cultura e as normas sociais em relação ao luto por animais de companhia podem ser diversas (ex. minimizar a importância do animal ou do sofrimento emocional do indivíduo).

Para se lidar com o luto por perda de animal de estimação, e minimizar o impacto da perda na saúde mental do seu tutor, é fundamental reconhecer a dor da perda e procurar estratégias para lidar de forma saudável com a situação. É importante que o indivíduo se permita sentir as suas emoções negativas, se permita ficar triste e não ter presa em superar a perda. Partilhar as suas emoções com os familiares, amigos, ou até mesmo com o/a psicólogo/a, pode ser muito tranquilizador e reconfortante.

Considerar voltar a adotar um animal, pode ajudar a trazer estabilidade e estrutura à vida após a perda. Sem urgência e apenas quando se sentir apto, adotar outro animal pode criar uma nova rotina e ajudar a preencher o vazio emocional causado pela perda. Afinal vai ter uma nova oportunidade para estabelecer um novo vínculo afetivo. O luto pela perda de um animal de estimação é uma experiência pessoal e única para cada indivíduo. Seja tolerante, não julgue, não critique, procure entender e apoiar!

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