Cyberbullying, a violência online

A violência online é qualquer tipo de comportamento agressivo, ameaça ou intimidação efetuado com recurso à internet, ou seja, pelas tecnologias, por meio de mensagens de telemóvel, email, website, Youtube ou redes sociais, com a intenção de magoar, humilhar, envergonhar, assustar ou ofender.

O cyberbullying é uma forma de bullying cometido através da internet e das novas tecnologias, em que alguém, habitualmente uma pessoa ou grupo conhecido da vítima, a procura ofender, amedrontar, envergonhar ou humilhar. Qualquer jovem é uma potencial vítima de cyberbullying. Isto pode acontecer por email ou por mensagens recebidas com ofensas, insultos ou ameaças. Estas mensagens podem assumir formas distintas, podendo conter vídeos ou fotografias comprometedoras, causadoras de vergonha e desconforto. As agressões podem incluir o roubo de passwords e dar acesso à caixa de correio eletrónico ou às redes sociais, permitindo a publicação abusiva e a informação ofensiva acerca da vítima ou dos seus familiares.

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Prevenção do bullying

Ensinar às crianças a lidar com o bullying é importante para toda a vida e pode mudar o seu futuro, uma vez que potencia uma vida mais tranquila, segura e feliz. A autoestima, o respeito mútuo, as necessidades sociais e os direitos fundamentais estão na base do desenvolvimento de ferramentas promotoras da compaixão e do reconhecimento.

O bullying é um fenómeno complexo uma vez que integra em si uma variedade de “motivos” que vão desde a aparência, o modo de vestir, as características físicas ou de personalidade, hábitos, modos de estar, enfim, uma diversidade de razões pelas quais o agressores agem contra as vítimas. É importante salientar que no bullying podemos encontrar agressores, vítimas e testemunhas, sendo que todas elas precisam de ajuda. Os pais são elementos fundamentais nos processos de bullying uma vez que devem estar atentos aos seus filhos de modo a poderem ajuda-los, reconhecendo a situação e não permitir que o seu filho continue a ser vítima de abuso, mas também monitorizando-se para que não sejam eles próprios promotores de comportamentos de bullying por parte dos seus filhos.

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Prevenção do abuso sexual infantil

Na Europa, uma em cada cinco crianças é vítima de violência ou de abuso sexual. Considera-se abuso sexual, todo e qualquer contacto ou interação com uma criança para estímulo sexual ou gratificação por parte de adulto ou de outra criança. Este tipo de abuso inclui contacto físico inapropriado, violação ou assédio.

Todas as crianças têm o direito de estar seguras e de serem protegidas de toda e qualquer forma de violência. Todos nós, pais, professores, profissionais de saúde, entre outros, temos a obrigação de estar atentos não só aos sinais de alarme, como trabalhar na prevenção da violência sexual contra as crianças. O Conselho da Europa editou um livro com esse propósito, ao qual chamou “Kiko e a Mão” e que foi disponibilizado pelo Serviço Nacional de Saúde, para explicar aos mais novos a regra de que nem todas as partes do seu corpo podem ser tocadas pelos outros. E um guia simples para ajudar os pais a explicarem aos seus filhos que partes do corpo não devem ser tocadas por outras pessoas, mas também ensina como reagir se isso acontecer e onde procurar ajuda. O livro explica de forma simples que uma criança não se deve deixar tocar nas partes do corpo que habitualmente estão cobertas pela roupa interior, assim como também não o deve fazer aos outros.

A Regra “aqui ninguém toca” inclui 5 princípios importantes. Em primeiro lugar o princípio de que as crianças são donas do seu próprio corpo e que ninguém lhe deve tocar sem a sua autorização. É importante que se fale de forma aberta e direta com as crianças ainda pequenas sobre a sexualidade e as zonas íntimas do corpo, utilizando os nomes corretos para os órgãos genitais, bem como para outras estruturas anatómicas do corpo humano. Desta forma ajudamos as crianças a compreenderem o que é e o que não é permitido. As crianças têm o direito de recusar que os outros as beijem ou toquem, mesmo que sejam pessoas próximas e de quem gostam. É fundamental ensinar a dizer “não”, de forma assertiva, a contactos físicos inapropriados, assim como ensina-las a fugir de situações perigosas e a contar o que se passou a um adulto da sua confiança (pais, professores, etc…). É muito importante deixar bem claro às crianças que elas devem insistir em falar com alguém de confiança até que acreditem nelas e o assunto seja levado a sério.

O segundo princípio refere-se aos contactos físicos, que são denominados de bons e maus. As crianças por vezes não conseguem diferenciar o que é um contacto físico aceitável e um contacto físico inaceitável. Devemos ensinar aos mais pequenos que não devem aceitar que os outros lhes vejam ou toquem nas partes íntimas do seu corpo ou que lhes peçam para ver ou tocar nas suas partes íntimas. A Regra “aqui ninguém toca” ajuda as crianças a aprenderem de forma simples e clara que as partes do corpo cobertas pela roupa interior são aquelas que mais devem proteger, tornando-se fácil a memorização. O terceiro princípio é o dos segredos: bons e maus. O segredo é a estratégia utilizada pela maioria dos agressores para evitarem que as crianças contem o que se passou, por isso é muito importante que estas aprendam a diferenças entre bons segredos e maus segredos. Os maus segredos são todos aqueles que causam medo, tristeza e ansiedade e como não são bons, não devem ser guardados. As crianças devem ser incentivadas a partilhar com outro adulto, sempre que um segredo lhe cause desconforto. O quarto princípio da regra “aqui ninguém toca” tem a ver com a prevenção e proteção por parte dos adultos. As crianças sujeitas a abusos sexuais, ou outros, sentem frequentemente culpa, medo e vergonha. Cabe aos adultos evitarem criar tabus sobre a sexualidade e garantirem que as crianças sabem a quem pedir ajuda sempre que estejam preocupadas, ansiosas ou tristes. É comum algumas crianças sentirem que alguma coisa está mal, mas terem dificuldade em expressar as suas emoções. Assim, recomenda-se que os adultos se mantenham atentos principalmente a mudanças no comportamento ou no humor das suas crianças, pois as suas angústias podem refletir-se no modo como se expressam e comportam, podendo nem sempre ser muito óbvias as dificuldades pelas quais estão a passar.

Por fim mas não menos importante, o princípio de informar e divulgar. As crianças devem saber identificar quais os adultos em quem podem confiar e devem ser encorajadas a selecionar uma ou mais pessoas próximas que estejam dispostos a ouvir e ajudar. Recomenda-se que destas pessoas, apenas um elemento deve viver com a criança e o outro (ou outros) não deve fazer parte do núcleo familiar. As crianças devem saber como procurar ajuda junto aos “eleitos”. Infelizmente, na maioria dos casos de abuso o agressor é conhecido da criança, o que torna a situação particularmente difícil e confusa. Entender que aquela pessoa que conhece e de quem espera proteção possa ser o seu agressor, pode gerar na criança sentimentos ambíguos. A criança deve ser incentivada a contar sempre às suas figuras de confiança, quando alguém lhes oferece presentes, lhes pede para passarem tempo juntos a sós ou lhes pede para guardar segredos. As crianças devem ainda ser ensinadas a nunca entrar no carro de um desconhecido, assim como nunca aceitar presentes nem convites. Os pais devem ainda ensinar ás suas crianças que existem profissionais, como os professores, auxiliares de ação educativa, polícias, psicólogos escolares, entre outros, aos quais podem sempre recorrer em situações de perigo.

O livro: https://biblioteca.sns.gov.pt/wp-content/uploads/2017/05/crescer_Kiko-e-a-ma%CC%83o.pdf

Para mais informação sobre este tema poderá consultar: www.coe.int/oneinfive

Infância: violência e maus tratos

Violência e infânciaOs maus tratos na infância são definidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como qualquer forma de abuso ou violência física, psicológica, sexual, negligência, exploração comercial ou outra, no contexto de uma relação de responsabilidade, confiança ou poder, de um adulto em relação a uma criança/ adolescente.

“A minha mãe anda sempre em stresse. Ferve em pouca água e às vezes, se eu estou por perto, grita-me e empurra-me ao ponto de eu já ter caído nas escadas. Acho que ela se devia era tratar…” (Cláudia, 16 anos).

Maus tratos infantisA violência sexual refere-se a todo o contacto ou interação com uma criança para estímulo ou gratificação sexual de um adulto ou de outra criança. Considera-se negligência a ausência da satisfação das necessidades básicas, sendo que estas incluem a alimentação, a higiene, os cuidados médicos, o abrigo, a segurança, a aceitação, o carinho, etc. Seja qual for o tipo de violência exercida sobre uma criança/adolescente, e seja quem for o agressor, o impacto na vida da criança e no seu futuro pode ser muito significativo. Quando o agressor é um dos progenitores ou ambos, o impacto é potencialmente maior. Receber maus tratos por parte daqueles de quem esperamos proteção, confiança e apoio incondicional leva sempre a uma perturbação e confusão maiores.

“O meu pai bate-me com uma revista. Por tudo e por nada ele enrola a maldita revista e bate-me nas pernas, nas costas, nos braços e até na cabeça”. Ele é meu pai, eu não entendo porque é tão mau para mim… Acho que eu devo ter algum problema que o deixa descontrolado. Sou sempre eu que pago quando ele chega a casa aborrecido com alguma coisa” (Francisco, 12 anos).

Violência na infânciaDe facto, os sentimentos de culpa são frequentes em situações em que a criança/adolescente sofre de maus tratos por parte dos progenitores. Ela não entende porque é que aquela pessoa a quem ama e a quem muitas vezes procura agradar, e que às vezes até revela algumas manifestações de afeto para com ela, consegue ser tão cruel. A ambiguidade de algumas relações pais-filhos podem provocar na criança/adolescente uma grande instabilidade emocional e sentimentos de medo, insegurança, desconfiança e frustração, conducentes a um enorme sofrimento emocional.

As situações de violência e maus tratos podem originar dano real ou potencial no desenvolvimento da criança bem como na sua capacidade de sobrevivência, integridade, saúde ou dignidade. A criança é considerada como vítima de maus tratos, quer quando estes são perpetrados contra si mesma mas também enquanto testemunha, em contexto de conflito parental, por exemplo. Os tipos mais comuns de violência e maus tratos contra crianças/adolescentes parecem ser a violência física, psicológica, sexual ou a negligência. A violência física refere-se a qualquer tipo de lesão causada na criança pelo uso da força física com ou sem a ajuda de um objeto (ex. cinto, pau, sapato). São exemplos de violência física o bater, empurrar, beliscar ou arranhar. Considera-se violência psicológica qualquer ação ou omissão que possa causar ou potenciar prejuízos ou degradação da autoestima, identidade ou do desenvolvimento da criança, quer a nível biológico como psicológico ou social. São exemplos de violência psicológica a humilhação, provocação, insulto, ameaça, intimidação ou exclusão.

“Eu tenho dores de barriga e vomito quando os meus pais discutem. Tenho medo dos gritos do meu pai e fico muito nervoso porque tenho medo que ele bata na mãe” (Rodrigo, 9 anos).

Infância e maus tratosAs crianças precisam e têm o direito de serem protegidas. Todo o tipo de violência tem sempre efeitos negativos mas a violência contra as crianças, tem um impacto extremamente significativo, comprometendo o seu futuro!

Violência na infânciaSão diversos os fatores de risco para a violência e os maus tratos infantis. Fatores como a doença mental, o temperamento, a genética, o consumo de álcool ou drogas, a história prévia de violência, os sentimentos de rejeição ou frustração, o próprio ambiente comunitário ou o isolamento social, a pobreza, bem como os modelos e exemplos veiculados através dos meios de comunicação social, podem potenciar comportamentos agressivos em contexto familiar. Outros fatores como a discriminação, o racismo, o machismo ou a falta de apoio social são exemplos de aspetos entre muitos outros, a levar em consideração quando o assunto é violência e maus tratos.