O início de um novo ano letivo é, para muitos jovens, um período de expetativa e de renovação, mas também um momento marcado por ansiedade de desempenho. Do ponto de vista psicológico, este tipo de ansiedade surge quando a pessoa sente que o seu valor depende de resultados, temendo falhar perante os outros ou perante si própria. A transição para um novo ciclo de estudos, seja no ensino secundário ou universitário, intensifica este fenómeno: há novas rotinas, metas académicas mais exigentes e comparações inevitáveis com colegas.
Nos estudantes universitários, a ansiedade de desempenho manifesta-se frequentemente através da pressão para corresponder ao investimento financeiro e emocional da família e para construir um currículo competitivo. As primeiras semanas do ano letivo trazem desafios como a adaptação a uma maior autonomia, a gestão de horários mais complexos e a convivência em novos contextos sociais. Muitos jovens enfrentam receios de não estarem à altura das expectativas, o que pode provocar sintomas como insónia, tensão muscular, dificuldade de concentração e pensamentos autocríticos. Quando não acompanhada, esta ansiedade pode levar a procrastinação ou a evitamento, reforçando um ciclo de stresse.

Já os alunos do ensino secundário lidam com uma realidade distinta, mas igualmente exigente. O início de cada ano aproxima-os dos exames nacionais e das decisões sobre o futuro académico ou profissional. Nesta fase, é comum surgirem dúvidas sobre identidade e autoeficácia: “Serei capaz de entrar no curso que desejo?” ou “E se as minhas notas não forem suficientes?”. A pressão dos pares e o medo de dececionar professores e família amplificam o desconforto. Em adolescentes, a ansiedade de desempenho pode apresentar-se sob a forma de irritabilidade, alterações do apetite ou queixas somáticas, como dores de cabeça ou de estômago, especialmente em vésperas de testes.

A perspetiva dos pais é igualmente relevante. Muitos sentem ansiedade refletida, preocupando-se não só com o sucesso escolar dos filhos, mas também com a forma como estes lidam com notas e avaliações. Há pais que interpretam resultados académicos como indicador direto de competência ou de esforço, reagindo com críticas ou recompensas excessivas. Embora, por vezes, esta atitude tenha a intenção de motivar, pode aumentar a pressão interna dos jovens, reforçando a ideia de que o seu valor está condicionado ao desempenho. Outros pais, pelo contrário, optam por uma abordagem de apoio e diálogo, ajudando os filhos a desenvolver competências de autorregulação e a encarar as notas como feedback para melhoria, e não como julgamento pessoal.

Do ponto de vista psicológico, lidar com a ansiedade de desempenho requer estratégias de prevenção e intervenção. A psicoeducação é fundamental: compreender que a ansiedade é uma resposta natural ao desafio ajuda a reduzir o estigma e a autocrítica. Técnicas de relaxamento, como respiração diafragmática e mindfulness, favorecem a autorregulação emocional. O estabelecimento de metas realistas e o reforço de competências de gestão do tempo permitem ao estudante sentir maior controlo. É igualmente importante cultivar um ambiente familiar de apoio, no qual se valorize o esforço e a aprendizagem, e não apenas o resultado final.

As instituições de ensino podem contribuir através de programas de promoção da saúde mental, disponibilizando serviços de aconselhamento psicológico, sessões de orientação e espaços de escuta. Professores e orientadores devem estar atentos a sinais de ansiedade excessiva, encaminhando os alunos para apoio especializado quando necessário. Ao reconhecer que a ansiedade de desempenho é comum e tratável, e ao envolver estudantes, pais e escolas num esforço conjunto, torna-se possível transformar o início do ano letivo num período de crescimento saudável, em vez de num ciclo de medo e autossabotagem.

Em suma, a ansiedade de desempenho no regresso às aulas reflete a interação de fatores individuais, familiares e institucionais. A compreensão desta realidade a partir de uma perspetiva psicológica ajuda a promover estratégias de apoio que beneficiam não apenas o rendimento académico, mas também o bem-estar emocional de estudantes e pais, permitindo que a aprendizagem seja uma experiência mais equilibrada e gratificante.