A Fernanda tem 43 anos e é acompanhada na consulta de psicologia clínica há cerca de 2 anos. É contabilista, casada, tem 3 filhos, bons amigos, um gato e uma perturbação de ansiedade. Procurou apoio psicológico devido a esta perturbação, que interferia com a sua funcionalidade, impedindo-a muitas vezes de agir…
Recentemente conseguiu tomar a decisão de mudar de casa, para uma casa maior e numa zona mais tranquila. O apartamento onde vivia nos arredores de Lisboa “sufocava-a” e desejava muito poder dar aos filhos a possibilidade de crescerem no campo e de brincarem na rua. Poucas semanas após a mudança, sente-se tão feliz, que por vezes ainda nem acredita que conseguiu fazer algo que há tanto tempo desejava, mas que o medo não a deixava avançar.
Em consulta diz à ‘psicóloga: ”Se não tivesse procurado ajuda e não tivesse feito todo este caminho, que faço consigo há quase 2 anos, tenho a certeza que nunca teria conseguido fazer esta mudança tão importante para a minha família e para a minha vida. Obrigada!”.
Não há nada exterior a nenhum de nós que nos possa garantir ausência de sofrimento. Ainda que muitos possamos ter todas as coisas que tipicamente utilizamos para medir o sucesso externo (ex. boa aparência, pais carinhosos, filhos incríveis, estabilidade financeira, bons amigos, uma relação conjugal satisfatória, etc.) isso pode não ser suficiente para garantir o nosso bem-estar psicológico.
Os seres humanos podem usufruir de várias formas de conforto, entusiasmo e diversão, e mesmo assim experimentar grande sofrimento emocional. Os investigadores na área da psiquiatria e psicologia estão familiarizados com as sombrias estatísticas que confirmam uma dura realidade de indivíduos com enorme dor emocional, desespero e angustia. Estudos promovidos pela Associação Americana de Psiquiatria (APA), por exemplo, revelam que as taxas de prevalência de perturbação mental ao longo da vida rondam atualmente os cerca de 50%.Muitas pessoas apresentem sofrimento emocional em consequência de problemas no trabalho, nos relacionamentos, na parentalidade e com as transições naturais do curso de vida, entre outros (Kessler et al., 2005).
A intervenção psicológica em situação de casal, foca-se no casal e não na relação em si. O importante é avaliar cada elemento do casal e intervir no sentido de melhorar a sua saúde emocional. Pessoas emocionalmente estáveis tendem a ter relações mais saudáveis e satisfatórias.
Os fatores de base para a manutenção de uma relação de casal satisfatória são o amor e a vontade de continuarem juntos. Quando surgem dificuldades ao nível relacional, os erros mais comum são a procura tardia de ajuda, a cedência “por arrasto” de um dos elementos do casal para comparecer às sessões terapêuticas, ou seja a falta de sintonia no processo de mudança, quer por não reconhecer que há um problema na relação, quer por, embora reconhecendo a existência de dificuldades, não esteja preparado para dar início ao processo de mudança. Ainda que reconhecendo problemas relacionais e estando preparados para mudar, podem haver fatores que impeçam ou dificultem o empreendimento de ações de mudança.
As perturbações de ansiedade estão atualmente entre os quadros psicopatológicos mais debilitantes e impactantes do indivíduo comum. Milhares de pessoas lutam diariamente para controlar os seus medos e preocupações, ao mesmo tempo que percebem que quanto mais tentam fugir da ansiedade e dos seus “gatilhos”, pior ficam as suas vidas e mais afetado é o seu bem-estar.
Todos nós sabemos como é sentir medo, quando somos confrontados pelo desconhecido e assustador, ou ficamos ansiosos antes de um exame ou de uma entrevista de trabalho, ou até mesmo antes de um encontro amoroso. Viver implica termos que nos deparar com uma boa dose de ansiedade, causada pelo perigo, pelos riscos, pelas incertezas ou inseguranças próprias do dia-a-dia. O medo faz parte da vida e tem também um papel de extrema importância, na medida em que pode ser protetor e fazer com que paremos e olhemos, antes de atravessar uma estrada, diminuindo significativamente o risco de sermos atropelados. A ansiedade leva-nos também a que nos preparemos melhor antes de prestar uma prova, para aumentar a probabilidade de termos um melhor desempenho. Contudo, medo em excesso pode-nos impedir de agir e causar um enorme sofrimento.
A Psicologia tem dado ao longo dos tempos um forte contributo para a melhoria do ensino e da aprendizagem em sala de aula. Sabe-se que o bem-estar emocional influencia positivamente o desempenho escolar, a aprendizagem e o desenvolvimento das crianças e dos jovens.
O ensino e a aprendizagem estão intrinsecamente relacionados com fatores sociais e comportamentais do desenvolvimento, incluindo a cognição, a motivação, a interação social e a comunicação. Uma avaliação da saúde psicológica poderá ser de grande importância, não só em termos de prevenção, como no desenvolvimento de estratégias de intervenção, no sentido de melhorar o desempenho escolar e académico, as relações familiares e com os pares, e, consequentemente, a satisfação dos jovens com a vida. Promover o bem-estar emocional de crianças e jovens, irá certamente potenciar o sucesso da sua funcionalidade diária, bem como o sucesso do seu desempenho, tanto em sala de aula, como no restante ambiente escolar e não só…
Por mais que se fale de saúde mental e da importância da mesma para a manutenção da qualidade de vida do indivíduo, parece haver ainda algum preconceito associado à procura de ajuda, nomeadamente de um psicólogo/a. Ideias pré-concebidas erróneas, podem dificultar a tomada de decisão na hora de procurar apoio, ainda que muito dele se possa necessitar.
Reconhece-se hoje em dia que, entre muitas outras patologias, a perturbação de ansiedade e a perturbação de depressão são as doenças do foro mental mais comuns, com elevada prevalência tanto em crianças e adolescentes, como em adultos e idosos. Em alguns casos, uma intervenção de caráter preventivo, pode fazer a diferença entre desenvolver a doença, por vezes até à cronicidade, ou aprender a lidar com a sintomatologia, impedindo que a doença evolua e se instale, comprometendo a funcionalidade e o bem-estar do indivíduo. Deste modo, é fundamental que o psicólogo/a seja visto como alguém que pode fazer a diferença, na vida de uma pessoa, de uma família ou de uma comunidade.
A Psicologia do Turismo surge como uma área inovadora da psicologia, que se centra no estudo do comportamento humano em contexto de turismo, especificamente do turista, do residente e do profissional da área da hotelaria e turismo.
A Psicologia como a ciência que estuda o comportamento, os sentimentos e as emoções do ser humano, emerge como uma forte aliada aos estudos no âmbito do turismo. Ainda que á partida possam ser encaradas como duas áreas científicas incongruentes, na realidade, não o são. O turismo é um meio potenciador de movimento humano. Assim sendo, o seu foco são as pessoas, o mesmo foco que a psicologia tem na sua essência. Deste modo, psicologia e turismo cruzam-se no indivíduo enquanto turista, residente ou profissional da área do turismo. A psicologia permite o desenvolvimento de estratégias que podem ajudar a suportar e impulsionar a inovação neste campo.
No âmbito do turismo, pode-se destacar o importante contributo da psicologia positiva, ciência que visa a promoção do bem-estar e que tem tudo a ver com a experiencia do turista, uma vez este busca essencialmente experiências enriquecedoras e promotoras de bem-estar físico e psicológico. Assim, a riqueza de ideias e estratégias da psicologia positiva pode potenciar a inovação e diferenciação dos destinos turísticos. Da aplicação prática da psicologia positiva ao turismo, podem-se destacar três áreas com potencial de crescimento: a participação de psicólogos na construção de atividades para os turistas, no desenvolvimento de estratégias de promoção de experiências significativas ou ainda no desenvolvimento de intervenções de bem-estar junto dos turistas, trabalhadores e residentes.
O turismo pode ser um campo de atuação da psicologia, numa perspetiva diferenciadora, criativa e inovadora, com inúmeros benefícios para a sociedade, bem como para a evolução da ciência psicológica, nomeadamente através do desenvolvimento de investigação sobre temáticas de interesse no turismo, na construção de materiais cientificamente validados para a avaliação das variáveis psicológicas em contextos turísticos e a investigação empírica de variáveis psicológicas junto dos turistas. Pelos estudos já realizados, é clara a pertinência da aliança entre a psicologia e o turismo. Abrem-se as portas para a investigação científica psicológica neste contexto, mas simultaneamente abrem-se portas para a prática psicológica em contexto de turismo, nos seus diferentes domínios.
Fonte:
Garcês, S., Pocinho, M., & Jesus, S. (2020). The best tourism island destination in the world and meaningful experiences: A systematic literature review. Revista Portuguesa de Estudos Regionais, 53, 23-34.
O envelhecimento da população mundial é uma realidade e Portugal não é exceção. Dos fatores que contribuem para esta situação, destacam-se a baixa natalidade mas também a melhoria das condições de vida e os avanços médicos e tecnológicos, que assim promovem o aumento da esperança média de vida.
Segundo dados do Eurostat, em Portugal cerca de26,6% da população tem 65 anos ou mais e estima-se que em 2050 esse valor ultrapasse os 40%. Este facto está a transformar as sociedades e a economia a nível global, levantando questões como o financiamento dos cuidados de saúde e as medidas de proteção social. Por outro lado, importa também não esquecer a importância da criação e implementação de programas de promoção da saúde e prevenção da doença, para que a qualidade de vida e o bem-estar das populações se mantenha o mais satisfatória possível, ao longo de todo o curso de vida, nomeadamente nos anos mais tardios.
Perante esta realidade, e uma vez que os adultos mais velhos estão mais vulneráveis à doença crónica, isolamento social, depressão e processos de demência, entre outras patologias, os/as psicólogos/as podem ter um papel fundamental na avaliação e acompanhamento destas pessoas, tendo em vista uma resposta adequada às suas necessidades. Tendo em conta a sua formação e o conhecimento cientifico teórico-prático sobre desenvolvimento, comportamento e sobre o impacto psicológico do processo de envelhecimento, os/as psicólogos/as estão preparados para apoiar os adultos mais velhos nos seus diferentes contextos de vida e problemáticas.
A eficácia da intervenção psicológica está demonstrada nas várias fases do desenvolvimento humano (desde a primeira infância). Assim sendo, alguns adultos mais velhos poderão beneficiar de uma intervenção psicológica com muito bons resultados, ao invés de intervenções apenas farmacológicas. Esta população apresenta frequentemente comorbilidades com outras patologias características da idade, encontrando-se por vezes muito medicada. Em muitas situações o recurso à psicologia pode ser a melhor opção. E quais poderão ser os campos de ação do/a psicólogo/a na sua intervenção com pessoas idosas?
Com esta população específica, o/a psicólogo/a pode ajudar a promover o envelhecimento ativo rentabilizando o potencial de cada indivíduo, para que numa relação terapêutica possam trabalhar as suas várias dimensões, tendo em vista o aumento do seu bem-estar. Questões como informar e consciencializar a pessoa acerca do natural processo de envelhecimento, desmistificar crenças e mitos sobre a velhice, promover uma perspetiva realista mas positiva da vida, salientar e potenciar os pontos fortes do individuo, facilitar a sua participação ativa em sociedade/comunidade, são áreas de abrangência do trabalho do/a psicólogo/a. A facilitação da expressão emocional, a compreensão dos processos e situações problemáticas da vida da pessoa idosa, bem como o apoio na adaptação a possíveis mudanças decorrentes do passar do tempo, cabem também na esfera da intervenção psicológica. A acrescentar, este profissional pode ajudar na aceitação e controlo da doença. física ou mental e respetivo tratamento, assim como ensinar e treinar estratégias para lidar com a dor, com a ansiedade, entre outras patologias típicas desta fase da vida, como por exemplo a prevenção da demência ou ainda o apoio em processos de luto.
Envelhecer faz parte da vida e saber envelhecer é muito importante na preservação da qualidade de vida e da satisfação com a mesma. Há que ter uma perspetiva de aceitação e de esperança e tomar decisões importantes para o seu próprio bem-estar emocional, físico e social. A felicidade é um direito universal e cada um de nós pode contribuir efetivamente para ela.
Não basta dar anos á vida, é fundamental dar vida aos anos. Se para isso sentir que precisa de ajuda, não espere mais, peça-a á Sua Psicóloga!
Nesta fase tão conturbada de conflito armado e com o número de refugiados de guerra na Europa a aumentar diariamente, torna-se pertinente falar de solidariedade e apoio social. A psicologia social estuda os processos inerentes ao apoio social e explica as diversas formas e fatores com ele relacionados, bem como os seus benefícios.
O relacionamento com os outros está omnipresente na vida e no quotidiano dos indivíduos. Ao conjunto de pessoas com quem temos uma relação significativa podemos chamar rede de apoio social. Em psicologia, as redes de apoio social mais estudadas são as redes egocêntricas, isto é, as redes centradas numa pessoa específica que é alvo de interesse. Existem várias formas para definir apoio social, uma delas é dizermos que corresponde à quantidade e coesão das relações sociais que rodeiam de um modo dinâmico um indivíduo (Vaz Serra, 1999). É um processo interativo que visa o bem-estar físico e psicológico. O contacto social promove a saúde e o bem-estar e tem provavelmente uma função de regulação da resposta emocional perante os vários fatores causadores de stresse (Coan, J. A., Schaefer, H. S., & Davidson, R. J., 2006).
A Terapia Cognitivo-Comportamental, desde a sua origem, vem a ser considerada como uma modalidade de tratamento muito eficaz nos mais variados tipos de perturbações psicológicas. Este tipo de terapia prevê a possibilidade da utilização de várias técnicas e “ferramentas” que complementam e auxiliam a ação do psicólogo, nomeadamente a prática de mindfulness.
A atenção plena ou mindfulness, segundo Goleman e Davidson (2017), é um dos métodos de meditação mais utilizados e divulgados no mundo ocidental, dentro de uma ampla variedade de métodos. Alguns especialistas utilizam o termo mindfulness para definir todo e qualquer tipo de meditação. A prática de mindfulness deriva da filosofia oriental budista, sendo considerada uma das técnicas de meditação mais antigas da Índia. Na filosofia oriental, a atenção plena pode ser definida como uma qualidade mental adquirida e cultivada através da prática da meditação com o intuito de se chegar a um desenvolvimento psicoemocional e espiritual. A meditação, é portanto, uma “ferramenta” capaz de produzir uma conexão completa entre a mente, o corpo e o espírito (Goleman & Davidson, 2017). Meditar é sentir a respiração, com a atenção plena ao que está a acontecer no momento presente, observar e aceitar sem julgamentos as experiências internas, sem avaliar ou tentar modificá-las.