Intervenção cognitivo-comportamental na ansiedade

As perturbações de ansiedade estão atualmente entre os quadros psicopatológicos mais debilitantes e impactantes do indivíduo comum. Milhares de pessoas lutam diariamente para controlar os seus medos e preocupações, ao mesmo tempo que percebem que quanto mais tentam fugir da ansiedade e dos seus “gatilhos”, pior ficam as suas vidas e mais afetado é o seu bem-estar.

Todos nós sabemos como é sentir medo, quando somos confrontados pelo desconhecido e assustador, ou ficamos ansiosos antes de um exame ou de uma entrevista de trabalho, ou até mesmo antes de um encontro amoroso. Viver implica termos que nos deparar com uma boa dose de ansiedade, causada pelo perigo, pelos riscos, pelas incertezas ou inseguranças próprias do dia-a-dia. O medo faz parte da vida e tem também um papel de extrema importância, na medida em que pode ser protetor e fazer com que paremos e olhemos, antes de atravessar uma estrada, diminuindo significativamente o risco de sermos atropelados. A ansiedade leva-nos também a que nos preparemos melhor antes de prestar uma prova, para aumentar a probabilidade de termos um melhor desempenho. Contudo, medo em excesso pode-nos impedir de agir e causar um enorme sofrimento.

É do consenso geral que uma certa dose de medo e ansiedade é fundamental nas nossas vidas. No entanto, quando esse medo e essa ansiedade atingem um determinado grau, em que passam de protetores a impeditivos, persistentes e opressores, ou seja, quando deixam de ser adaptativos e passam a ser prejudiciais, algo está mal. Este é o sinal ao qual devemos ficar atentos e procurar ajuda, no sentido de aprendermos a controlar esses medos excessivos e desajustados.

Hoje em dia, a intervenção psicológica de orientação cognitivo-comportamental é praticada por centenas de profissionais de saúde mental em todo o mundo, tendo sido comprovada em diversos estudos científicos, como um tratamento eficaz para a maioria das perturbações de ansiedade. Cerca de 60 a 80% das pessoas com um problema de ansiedade, que concluem uma intervenção deste tipo, sentem uma redução significativa dos sintomas e consequentemente, um aumento significativo do bem-estar. Devido à sua reconhecida eficácia, a intervenção cognitivo-comportamental está atualmente recomendada, como um dos tratamentos de primeira escolha para ansiedade, pela Associação Americana de Psiquiatria (American Psychiatric Association), entre outros serviços de saúde reconhecidos.

E o que é afinal a intervenção cognitivo-comportamental? O termo cognitivo refere-se ao ato de conhecer ou reconhecer as nossas vivências e ao modo como esse reconhecimento vai influenciar o nosso comportamento. Assim, a terapia cognitivo-comportamental, é um tratamento psicológico estruturado e sistemático, que nos ensina a modificar pensamentos, crenças e atitudes, que desempenham um papel importante nos estados emocionais negativos, e consequentemente, nos nossos comportamentos menos adaptativos. Partindo do pressuposto de que o modo como pensamos, influência o modo como nos sentimos, e, em virtude disso também o modo como agimos, modificar a nossa forma de pensar acerca de um determinado evento, pode mudar o nosso sentimento e o comportamento subsequente.

A duração da intervenção para uma perturbação de ansiedade é variável, pois depende de vários fatores. No entanto, de um modo geral, podemos contar com cerca de 20 sessões, inicialmente semanais, diminuindo a sua frequência aos poucos para sessões quinzenais. Nas primeiras 2 sessões, a (o) psicóloga (o) começa por avaliar o caso, questionando o indivíduo acerca da sua história de vida e da história da sua ansiedade e dos sintomas a ela associados, entre outros aspetos que considere relevantes. A terceira sessão destina-se à apresentação do resultado da avaliação, bem como á proposta de intervenção. A intervenção consta na identificação do (s) pensamento (s) problemático (s) que o indivíduo pretende modificar, ajudando na descoberta de novas perspetivas sobre a ansiedade e na estruturação planos de ação, que alterarão seu modo de lidar com os sintomas. As sessões finais deverão ocorrer com menor frequência e têm como foco o desenvolvimento de estratégias para lidar com o retorno ocasional da sintomatologia ansiosa (prevenção da recaída), tendo como objetivo garantir que o indivíduo tem capacidade para enfrentar futuras situações ansiogéneas, sem necessidade de auxílio por parte da (o) psicóloga (o).

Por fim, referir que irá certamente beneficiar deste tipo de abordagem, alguém para quem a ansiedade constitua um problema significativo com interferência na sua vida, que esteja realmente motivado e pronto para dedicar tempo e esforço para melhorar, que tenha expectativas positivas e possa aproveitar a sua ansiedade como um aprendiz, disposto a descobrir novas formas de compreender e reagir ás suas experiências de ansiedade. Deverá ainda estar disposto a trabalhar sobre o possível papel que o próprio desempenha para agudizar a ansiedade (será difícil retirar benefícios da intervenção se a pessoa acreditar que outras pessoas ou outras circunstâncias são as culpadas pela sua ansiedade), e, por fim, se estiver consciente e puder escrever sobre si mesmo, assumindo uma abordagem crítica e investigadora dos seus pensamentos, sentimentos e comportamentos.

Então, do que está à espera para agendar a sua primeira consulta?

Envie mensagem para: gracinda.psicologia@gmail.com e coloque as suas questões!

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