
A comunicação e as relações interpessoais nem sempre são fáceis e por vezes implicam ter conversas difíceis, sobre assuntos igualmente difíceis e que podem ferir suscetibilidades ou gerar conflito, tanto a nível pessoal e familiar como profissional.
O conceito de inteligência emocional pressupõe a capacidade de se identificar emoções, dos próprios e dos outros, bem como saber geri-las de forma adaptativa. Deste modo, a gestão de conflitos está incluída nesta competência tão necessária á nossa adaptação aos desafios do dia-a-dia. Por vezes, evitar ou adiar uma “conversa difícil” pode ser protetor e adequado naquele momento, no entanto, só resolve o problema a curto prazo. Se o assunto é realmente importante, mais cedo ou mais tarde terá que ser abordado e se pensarmos bem, quanto mais cedo for esclarecida uma dúvida, resolvido um mal-entendido ou esclarecida uma confusão, mais cedo a nossa paz interior será reestabelecida.

Para uma boa comunicação interpessoal devemos adotar uma postura com base no respeito e na curiosidade. Devemos não só esforçarmo-nos para respeitar o ponto de vista do outro como também ter curiosidade em relação á sua perspetiva. Uma boa conversa inclui uma atitude aberta e o desejo genuíno de ouvir o outro e compreender as suas razões e opiniões, concordemos ou não com elas. Se ambos os interlocutores se respeitarem poderão suportar-se mutuamente naquilo que são as suas vulnerabilidades. Devemo-nos também focar essencialmente no que estamos a ouvir e não no que vamos querer dizer de seguida. Muitas vezes, gastar muito tempo com pensamentos ruminantes sobre o que vamos querer dizer numa futura conversa, pode não ser o mais útil. Ensaiar repetidamente o que vamos dizer numa conversa que se antevê difícil, vai-nos desgastar e no momento, esta pode não se desenrolar do modo como planeámos. Por isso devemo-nos libertar da pressão de “ensaiar” o que se vai dizer ou responder e centrarmo-nos em ouvir o que o outro nos diz e em observar a sua expressão, mantendo a neutralidade e reunindo o máximo possível de informação. A nossa atenção isenta de culpa ou julgamento fará com que a outra pessoa colabore. Ouvir atentamente cada declaração e reformula-la devolvendo-a ao interlocutor, fará com que ele possa validar que está a ser compreendido.

Outro ponto importante refere-se ao facto de sermos diretos. Assuntos difíceis abordados com “floreados” poderão tornar-se mais difíceis e confusos. Vá direto ao ponto, tenha uma conversa franca em que o respeito esteja presente. A honestidade faz com que a relação com o outro se torne mutuamente gratificante mesmo quando o assunto não é o mais agradável. Contudo, não deixe de levar em consideração eventuais diferenças culturais ou geracionais. Se se está a dirigir a alguém que lhe pareça estar a distorcer o objetivo da conversa, ou se nota que o seu interlocutor não está efetivamente a compreende-lo, então deverá pedir-lhe que repita o que ele acha que lhe está a dizer. Deste modo, consoante aquilo que ele lhe transmitir, terá a oportunidade de ir ajustando a sua mensagem, no sentido de garantir que o assunto é entendido e que o conflito está a ser direcionado para a sua resolução.

Adiar uma conversa complicada ou dolorosa pode ser tentador mas não é de todo o mais adequado. Podemos deixar para um momento mais oportuno em que se tenha melhores condições para falar, no entanto, quanto mais cedo esclarecer o assunto, melhor para todos. Mesmo quando se pensa que já não se justifica falar sobre determinado assunto, o facto é que na maioria das vezes é essencial que o faça, para não correr o risco de gerar um acumular de problemas derivados daquela situação, que não se resolveu. Por fim, tenha espectativas positivas, ou seja, se vai ter uma conversa difícil, espere um resultado positivo. Programe-se para bons resultados ao invés de pensar que a conversa vai correr mal e foque-se nos benefícios que essa conversa a longo prazo irá trazer para a sua relação com a outra pessoa. Ao centrar a sua atenção nos resultados positivos ela irá mudar o seu processo de pensamento bem como o seu diálogo interno, tornando-o mais construtivo.

Estas são algumas dicas que poderá levar em linha de conta sempre que se confrontar com situações que impliquem ter conversas mais difíceis. Utilizando-as, estará a exercitar a sua inteligência emocional, o que é importante não só para melhorar as suas interações com os outros mas também para trabalhar o seu autoconhecimento, no sentido de uma melhor autorregulação emocional.
Sugestão:
Artigo – O papel da inteligência emocional dos alunos: evidências empíricas
http://www.scielo.org.mx/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1607-40412004000200005