
O relacionamento com os outros está presente na vida e no quotidiano de todos nós. Ao conjunto de pessoas com quem temos uma relação significativa podemos chamar rede de apoio social. Em psicologia as redes de apoio social mais estudadas são as redes egocêntricas, isto é, as redes centradas numa pessoa específica que é alvo de interesse.
Existem várias formas para definir apoio social. Uma delas é dizermos que corresponde à quantidade e coesão das relações sociais que rodeiam de um modo dinâmico um indivíduo. O apoio social é um processo interativo que visa o bem-estar físico e psicológico. O contacto social promove a saúde e o bem-estar e tem provavelmente uma função de regulação da resposta emocional perante os vários fatores causadores de stresse. De acordo com alguns autores, o apoio social pode ter várias funções: apoio informativo, apoio emocional, apoio de pertença e apoio tangível, desempenhando assim um importantíssimo papel na vida do indivíduo, com impacto muito significativo na sua saúde física e psicológica. Este apoio poderá mesmo exercer influência sobre a mortalidade, uma vez que a sua presença parece estar associada a um melhor funcionamento dos sistemas cardiovascular, endócrino e imunitário, e com repercussões positivas na saúde física. O principal benefício de receber apoio social é a proteção do indivíduo face às consequências negativas do stresse, quer comportamentais, quer psicológicas. Teoricamente, o apoio social pode diminuir a perceção e a avaliação de stresse do indivíduo, perante um determinado acontecimento. Isto poderá também influenciar positivamente processos psicológicos como, estados de humor negativos, baixa autoestima e baixo autocontrolo e autoeficácia.

A rede de apoio social promove também a motivação para comportamentos mais saudáveis, como é o caso da prática de exercício físico, de uma boa alimentação ou o aumento de cuidados consigo mesmo, que vão influenciar de forma positiva os processos psicológicos. Vai ainda interferir com determinados padrões biológicos, como a regulação da tensão arterial e o funcionamento do sistema endócrino, que influenciam diretamente o sistema cardiovascular, assim como a melhoria da resposta imunitária, que se pode traduzir numa menor suscetibilidade a algumas infeções virais, principalmente no caso dos idosos. Estudos apontam para a existência de um número de potenciais caminhos para explicar estes factos onde se podem incluir as mudanças nos estados de humor e a prática de comportamentos promotores de saúde, porém, faltam ainda evidências diretas sobre a real influência destes mesmos caminhos.

Interessa também referir a importância da qualidade do apoio social, no que diz respeito à garantia de que ele vai funcionar de uma forma positiva, isto é, nem todas as relações sociais são benéficas. As relações com os outros podem ser conflituosas ou instáveis e deste modo o seu efeito poderá ser mesmo o contrário. Por outro lado, uma rede social muito alargada, implica muitas obrigações por parte do indivíduo, o que pode aumentar ainda mais os seus níveis de stresse. Estas questões remetem-nos para a importância de estudar este campo no sentido de investigar de que modo o relativo equilíbrio dos aspetos positivos e negativos dos relacionamentos interpessoais, influencia a função psicológica e subsequentemente a saúde física dos indivíduos.

Perante a literatura científica disponível sobre este tema, parece claro que o apoio social promove o bem-estar não só emocional mas também físico. Deste modo, se o indivíduo estiver inserido num contexto onde se sinta efetivamente apoiado por um conjunto de pessoas com as quais mantém um relacionamento equilibrado, será certamente uma vantagem em temos de saúde geral. Parece ser consensual que o que é realmente importante para o indivíduo, não são as relações pessoais em termos quantitativos mas sim em termos qualitativos, particularmente no que se refere aos que lhe estão mais próximos. Uma relação de qualidade certamente irá oferecer apoio de qualidade. Também não menos importante é a relação entre apoio recebido e apoio percebido, isto é, se o individuo acreditar que se for necessário tem alguém disponível para o apoiar, vai percecionar uma maior sensação de segurança, conforto e de tranquilidade, bem como uma melhor adaptação ao stresse.

Em jeito de conclusão, cabe-me dizer que o apoio social tem um papel fundamental na qualidade de vida das pessoas. Esforços no sentido de o promover, serão cada vez mais necessários numa sociedade cada vez mais fechada em si, em que muitos indivíduos se isolam, outros se distanciam, e outros ainda optam por um uso cada vez mais excessivo de redes sociais virtuais, em prejuízo do contacto real e pessoal, tão necessário ao equilíbrio do ser humano. O psicólogo pode ter um papel importante na promoção ativa dos relacionamentos interpessoais. Trabalhar o autoconhecimento e a consciência de si mesmo, das suas forças e das suas fraquezas, pode ajudar o indivíduo a ter uma perspetiva diferente daquilo que é a sua rede de suporte social, e de que forma o próprio pode contribuir para que a sua relação com esta, seja ativa e gratificante.

Fontes:
Coan, J. A., Schaefer, H. S., & Davidson, R. J. (2006). Lending a hand: Social regulation of the neural response to threat. Psychological Science, 17, 1032-1039.