
A Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção (PHDA) é uma perturbação do desenvolvimento cerebral caracterizada por 3 sintomas principais: desatenção, hiperatividade e impulsividade.
Ouvimos muitas vezes dizer que hoje em dia há muitas crianças hiperativas ou com défice de atenção, e que muitas delas estão medicadas, o que por vezes causa grande preocupação e estranheza. No entanto, a Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção (PHDA) é uma das patologias mais prevalentes na infância. Porém por vezes, pode não estar bem diagnosticada, ou seja, podemos hipervalorizar alguns comportamentos das crianças ou pelo contrário, desvalorizar outros tantos, como que se estivéssemos em negação do problema. Os profissionais de saúde qualificados para avaliar este tipo de patologias são os psiquiatras e os psicólogos. Para apoiar numa correta avaliação, a Associação Americana de Psiquiatria (APA) definiu no seu Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais (DSM-V), os vários critérios a levar em consideração numa correta avaliação da PHDA.

Os vários critérios para o diagnóstico de PHDA podem ser divididos em dois grupos: hiperatividade/impulsividade e défice de atenção, sendo que a patologia pode ou não incluir os dois tipos de sintomas. Para o diagnóstico de perturbação de hiperatividade/impulsividade, deverão estar presentes, pelo menos há seis meses, sintomas como mexer excessivamente as mãos e os pés; levantar-se do lugar na sala de aula ou noutras situações em que deveria permanecer sentado; correr ou trepar em excesso em situações em que não o deveria fazer; ter dificuldade em se envolver em atividades em que tenha que permanecer sossegado; estar sempre a mudar de atividade como se estivesse “ligado a um motor”; falar frequentemente em excesso; ter dificuldade em esperar pela sua vez; interromper frequentemente as atividades de outros e frequentemente dar respostas antes de ouvir toda a pergunta.

Quanto ao défice de atenção, deverão estar presentes de forma desadaptativa e inconsistente com o nível de desenvolvimento da criança, sintomas como ter frequentemente dificuldade em manter a atenção no que está a fazer; frequentemente parecer não ouvir o que lhe dizem diretamente; ter frequente dificuldade em seguir instruções ou terminar trabalhos de casa ou outras tarefas; evitar com frequência, envolver-se em atividades que requeiram esforço mental prolongado (tarefas escolares) ou distrair-se com muita facilidade com estímulos exteriores, entre outros sintomas.

Após uma cuidada avaliação psicológica, a criança que preencha os critérios necessários para que seja considerada um caso de PHDA, poderá certamente beneficiar de uma intervenção, que pode ser psicológica ou mista, isto é, ter acompanhamento com um psicólogo clínico e um psiquiatra (medicação). A necessidade de uma intervenção mista advém de uma avaliação de PHDA com forte impacto na funcionalidade da criança e interferência no seu desempenho escolar, ou até da possibilidade de estar em comorbilidade com outras patologias. Casos mais moderados poderão ser apoiados apenas com intervenção psicológica, preferencialmente de orientação cognitivo-comportamental, e observar-se uma eficácia bastante satisfatória, sem que seja necessária a intervenção medicamentosa.

Cada caso é um caso e o que se aplica a uma criança, não se aplica a outras. É fundamental uma boa avaliação, de preferência com recurso a vários instrumentos de avaliação e se possível, múltiplas fontes de informação. Em saúde mental, tal como pode acontecer em qualquer outro ramo da saúde, um mesmo sintoma pode indicar diferentes patologias. Assim, é necessário o cruzamento da informação obtida de diversas formas, em diferentes momentos e compreender os processos psicológicos subjacentes a um determinado comportamento.
O sucesso de uma intervenção começa numa correta avaliação. Contacte a Sua Psicóloga!
Fonte:
DSM-V – Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais (Quinta edição) de American Pshychiatric Association.