Hipocondria ou a mania das doenças?

SomatizaçãoA hipocondria, actualmente denominada de Perturbação de Ansiedade de Doença, é uma doença imaginária que causa sofrimento real no indivíduo. Habitualmente desvalorizada, esta perturbação é vulgarmente referida como a mania das doenças. A pessoa que sofre deste problema é muitas vezes ignorada e as suas queixas são banalizadas pelos outros, no entanto o seu sofrimento é uma realidade.

A Perturbação de Ansiedade de Doença é uma doença do foro psiquiátrico que vem descrita e enquadrada no Manual de Diagnóstico e Estatística das Doenças Mentais (DSM-V) como uma perturbação de ansiedade. A denominação hipocondria foi excluída do referido manual, em grande parte devido ao carácter pejorativo com o qual o diagnóstico era recebido. Esta perturbação está classificada como uma perturbação de sintomas somáticos, no entanto, apenas se aplica a uma minoria de casos. Envolve uma preocupação em ter ou vir a contrair uma doença grave e embora o indivíduo possa apresentar sintomas, estes são normalmente ligeiros e a avaliação médica não consegue identificar uma condição médica que os justifique.

HipocondriaO sofrimento destas pessoas advém do medo e da ansiedade que apresentam pela crença ou suspeição de terem uma doença grave e não da queixa física em si. Quando há de facto uma condição médica diagnosticada, o sofrimento que referem e o medo e ansiedade que apresentam é excessivo e desproporcionado em relação à gravidade dessa mesma condição. Os indivíduos com Perturbação de Ansiedade de Doença ficam facilmente assustados em situações como lerem ou ouvirem uma notícia sobre uma determinada doença ou terem conhecimento de que alguém conhecido está doente. Continue a ler “Hipocondria ou a mania das doenças?”

Higiene do sono e qualidade do sono

Higiene do sonoOs comportamentos de higiene do sono são elementos do estilo de vida que influenciam de forma positiva ou negativa a qualidade do sono (LeBourgeois et al., 2005), ou seja, são essencialmente comportamentos que podem contribuir em benefício ou em prejuízo do sono.

Uma higiene de sono adequada inclui uma rotina na hora de deitar, dormir num ambiente confortável, sossegado e não poluído e a diminuição de comportamentos inibidores do sono, como é o caso do consumo de tabaco, cafeína e álcool antes de deitar. Faz ainda parte de uma boa higiene do sono, evitar envolver-se em actividades física, psicológica ou emocionalmente estimulantes, cerca de uma hora antes de deitar (Wolfson, 2002). Continue a ler “Higiene do sono e qualidade do sono”

Compreender a dor

DorA dor é uma experiência sensorial e emocional desagradável associada a um dano real ou potencial de tecidos. É um mecanismo de defesa do organismo que alerta o cérebro de que os seus tecidos podem correr perigo, embora a dor possa ocorrer sem que tenha havido um dano físico real.

Parece não haver uma relação directa entre uma lesão e a dor, daí o aspecto subjectivo do fenómeno doloroso. Os nociceptores são receptores sensoriais que enviam ao cérebro o sinal que causa a percepção da dor, em resposta a um estímulo que possui potencial de dano. O cérebro interpreta esse sinal como dor. Os nociceptoes podem ser activados por lesão mecânica dos tecidos ou pelo stresse. A percepção da dor é regulada pelo cérebro e é influenciada por factores físicos e psicológicos. Continue a ler “Compreender a dor”

Perturbações do sono mais frequentes na adolescência

Dificuldades de sonoOs problemas de sono na adolescência são um fenómeno frequente e nem sempre transitório. Tendem a diminuir apenas marginalmente com a idade podendo tornar-se crónicos e exigir intervenção médica e psicológica (Fricke-Oerkermann, Pluck, Schredl, Heinz, Mitschke, Wiater et al., 2007).

Estes problemas, quando persistentes, podem levar a situações de stresse e a um pobre desempenho escolar ou ocupacional. A restrição aguda do sono leva a um aumento de respostas de afecto negativo como raiva, tristeza ou medo, influenciando as relações interpessoais (O’Brien & Mindell, 2005). No entanto, as dificuldades de sono em crianças e adolescentes são um tema que tende a ser negligenciado quer em contexto escolar, quer em contexto de saúde. Rosen, Zozula, Jahn & Carson (2001) referem que apenas 3% da população pediátrica com perturbações de sono está a ser diagnosticada correctamente e a ser tratada ou acompanhada por um profissional de saúde. Continue a ler “Perturbações do sono mais frequentes na adolescência”

Este peso que eu carrego

Obesidade adolescenteO Marcelo tem 15 anos e tem um problema grave de obesidade. Foi encaminhado para a Consulta de Psicologia para fazer a avaliação necessária para a decisão de vir a ser  ou não sujeito a uma intervenção cirúrgica bariátrica.

O jovem entra no gabinete com ar de enfado e começa por dizer: “Estou farto disto, o médico disse que me ia operar e agora manda-me para aqui como se eu estivesse maluco. Não sei o que estou aqui a fazer… diga-me lá se vou ser operado ou não, senão é para fazer a operação eu nunca mais cá venho”, diz com agressividade.

É-lhe então explicado o motivo da sua presença na consulta. O Marcelo fica em silêncio, prolonga-se o silêncio, não responde a 2 ou 3 perguntas que a Psicóloga lhe faz. De repente, levanta-se e diz: “Vou-me embora que não estou para isto. Falar consigo não me vai tirar este peso que eu carrego!”

Psicologia Clínica da Saúde e da Doença

Psicologia da SaúdeA Psicologia é a ciência que estuda os processos mentais e o comportamento humano com o objectivo de os compreender, organizar, classificar, antecipar e modificar. A Psicologia da Saúde é a área disciplinar da Psicologia que diz respeito ao comportamento humano no contexto da saúde e da doença” (Weinman, 1990).

É o conjunto das contribuições educacionais científicas e profissionais da Psicologia para a promoção e manutenção da saúde, a prevenção e tratamento da doença, a identificação da etiologia e o diagnóstico das doenças e disfunções associadas e a análise e melhoria do sistema de saúde e das políticas de saúde” (APA Meeting 1980; Matarazzo 19982). A APA (American Psychological Association) enfatiza o papel do Psicólogo como profissional de saúde e não apenas como profissional da saúde mental. A intervenção oferecida pelos Psicólogos da saúde deve ser de cuidados inclusivos, isto é, ao longo do tempo, coordenados com os outros elementos da equipa de saúde e com recurso a outros especialistas sempre que necessário. Na sua prática interventiva, o Psicólogo da saúde deve reconhecer o papel dos sistemas (família, escola, comunidade, serviços de saúde) e dos factores contextuais, na saúde e na doença, e as suas funções são definidas num contínuo de promoção, prevenção, educação, consultoria e tratamento. Continue a ler “Psicologia Clínica da Saúde e da Doença”

Esquizofrenia

EsquizofreniaA esquizofrenia é uma doença cerebral crónica e grave que se caracteriza pela perda de contacto com a realidade. É um quadro complexo que envolve sintomas muito típicos, em que o indivíduo, durante grande parte do tempo e num período mínimo de seis meses,  passa a funcionar num nível bastante abaixo ao seu funcionamento anterior.

O doente esquizofrénico pode apresentar vários tipos de sintomas, como alucinações (ver, ouvir, sentir, cheirar coisas que os outros não conseguem percepcionar), delírios (crenças falsas, resistentes ao confronto lógico e racional), discurso desorganizado ou empobrecido, embotamento afectivo (face inexpressiva, fala monocórdica e monótona), perda da capacidade de iniciar e manter actividades planeadas, perda de prazer no dia a dia, isolamento social, entre outros. Continue a ler “Esquizofrenia”

Terapia Cognitivo-Comportamental. O que é?

Terapia Cognitiva e ComportamentalA Terapia Cognitivo-Comportamental é uma abordagem específica, breve e focada no problema actual do cliente. Explica que o que nos afecta não são os acontecimentos em si mas sim a forma como os interpretamos é que vai influenciar, senão determinar, o modo como nos vamos sentir e comportar.

As terapias cognitivo-comportamentais têm por base vários modelos. O modelo de aprendizagem de competências, foca-se no desenvolvimento de reportórios adaptativos e competências específicas de autonomia, comunicação e relação interpessoal, bem como de autocontrolo e autorregulação emocional. O modelo de resolução de problemas ensina métodos para examinar os problemas e encontrar a melhor solução. Pensar alternativas, antecipar consequências, chegar a compromissos, ensaiar soluções, etc. Também o modelo de estruturação cognitiva tem o seu papel relevante na medida em que promove um funcionamento adaptativo, tanto comportamental como emocional, alterando os processos cognitivos disfuncionais. Permite identificar pensamentos, analisar a interligação de variáveis, analisar distorções da realidade e procurar interpretações mais realistas. Continue a ler “Terapia Cognitivo-Comportamental. O que é?”

Preciso mesmo…

adição a jogos electrónicosO Rui tem 15 anos e um problema de obesidade e de adição a jogos electrónicos. Anda em Acompanhamento Psicológico para melhorar a sua adesão à dieta, ao plano de exercício físico e para controlo da sua utilização disfuncional dos meios electrónicos de comunicação em geral e em particular da sua consola de jogos.

Questionado sobre os seus comportamentos nessas áreas na semana anterior, o Rui responde: ” Foi mais ou menos… os 2 ou 3 dias depois da consulta faço tudo direitinho como combinamos mas depois vou-me relaxando… preciso mesmo de cá vir todas as semanas para me relembrar das minhas tarefas…”

Dor

DorPodemos definir dor como uma experiência sensório-emocional desagradável comum a todos os indivíduos, associada a danos reais ou potenciais, sendo a causa mais comum da procura de ajuda médica.

A dor pode ser mais ou menos aguda, sendo sempre subjectiva mas incomodativa. Sentimos dor quando uma parte do nosso corpo sofre um desequilíbrio funcional. A dor pode ter diferentes origens e níveis de intensidade e duração. Pode ser ligeira, moderada, ou intensa e passageira, intermitente ou crónica. Continue a ler “Dor”