1ªs Jornadas de Comportamentos Aditivos: Alcool, Tabaco e Internet

Alcool tabaco jogos

Tiveram lugar pela primeira vez no Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa, as Jornadas dos Comportamentos Aditivos, que contaram com a participação, como oradores, de profissionais da área da saúde mental, nomeadamente médicos, psiquiatras, psicólogos e enfermeiros, entre outros. O evento foi da máxima importância uma vez que abordou temas muito actuais – álcool, tabaco e internet – focando-se nas várias dimensões de uma problemática com um indiscutível impacto negativo, no indivíduo, nas famílias e na sociedade, que é a adição.

Deixo aqui um resumo dos temas apresentados e debatidos, que embora incompleto devido à quantidade das comunicações e especificidades das mesmas, tem como objectivo despertar a consciência dos meus leitores, no sentido da reflexão e porventura da procura de mais informação sobre o tema. Para isso deixo no final algumas referências, de publicações que serviram de base para a informação abaixo descrita e/ou complementar à informação apresentada. Continue a ler “1ªs Jornadas de Comportamentos Aditivos: Alcool, Tabaco e Internet”

Demência -uma realidade

IdososCom o aumento da esperança média de vida, temos na nossa população, cada vez mais pessoas velhas. Escrevo velhas em vez de idosas ou séniores, ou outra coisa qualquer, porque acredito que o que pode ser realmente ofensivo não é a palavra que usamos para nos referirmos aos que já viveram muitos anos, mas sim, o modo como os tratamos ou destratamos.

Se há cada vez mais velhos, as problemáticas que caracterizam esta faixa etária tendem a ser mais prevalentes. Se noutros tempos a maior parte das pessoas morria antes dos 75 anos, hoje em dia, houve já a necessidade de se estabelecer uma quarta idade, uma vez que há cada vez mais pessoas que ultrapassam a fasquia dos 90, bem como aqueles que chegam a centenários. Assim, se antigamente a demência era uma problemática que afectava alguns dos que se atreviam a chegar a velhos (salvo algumas excepções de doentes mais novos que também podem desenvolver a doença), hoje em dia, a probabilidade de se ficar demente aumenta com a possibilidade de se poder viver mais. Continue a ler “Demência -uma realidade”

As doenças, os factores de risco e o papel do psicólogo

Psicologia da saude e da doençaSegundo a Direcção Geral de Saúde (2016), as doenças com maior impacto na população portuguesa são: o cancro (18,5%), as doenças cardiovasculares (15,4%), os problemas de saúde mental e comportamental (8,9%), as doenças respiratórias (4,1%) e a diabetes (3,6%).

Para todas estas patologias, os factores de risco são um traço comum. Desde os hábitos alimentares, à hipertensão, passando pelo excesso de peso e os consumos excessivos de tabaco e álcool, todos estes comportamentos estão de algum modo relacionados com as referidas patologias mas também associados entre si. Daí se conclui que a prevenção da doença e a promoção da saúde deverá incidir na mudança comportamental para a implementação de hábitos de vida saudáveis. E qual é o papel do psicólogo a este nível? Continue a ler “As doenças, os factores de risco e o papel do psicólogo”

1º Fórum da Saúde Mental 2018 – Lisboa

forumDecorreu nos passados dias 26 e 27 de Setembro, em Lisboa, o 1º Fórum da Saúde Mental. Um evento de extrema relevância atendendo à elevada prevalência de perturbações do foro psiquiátrico e psicológico na nossa população, assim como à pouca atenção que por vezes é dada às problemáticas relacionadas com a saúde mental, que, à semelhança por exemplo da saúde oral, parecem ser os parentes pobres da medicina, em especial no que se refere aos orçamentos a elas disponibilizados.

O evento em questão contou com a participação de inúmeros palestrantes de renome, e outros menos conhecidos mas com uma intervenção importante nas diversas áreas da saúde mental. Médicos, psiquiatras, psicólogos, investigadores e até um arquitecto e um mestre em teatro, entre outros, deram o seu precioso contributo, não só pela partilha de experiências e saberes mas principalmente pelos trabalhos que têm vindo a desenvolver junto às comunidades, os quais deram a conhecer, esperando-se que sejam inspiradores para que outros profissionais da área os possam replicar ou até aprimorar. Continue a ler “1º Fórum da Saúde Mental 2018 – Lisboa”

Avaliação funcional do idoso

Avaliação idososA velhice normal pode ser entendida como um estado em que não há doença física ou psicológica, apesar de se constituir como um processo progressivo e irreversível, que afecta a capacidade de adaptação do indivíduo e do seu organismo às actividades de vida diária e ao contexto.

A velhice patológica é caracterizada por doenças, muitas vezes crónicas, que comprometem essa mesma capacidade de adaptação do idoso, impedindo por vezes o controlo da sua própria vida e a manutenção da sua autonomia e independência. Se no idoso se observarem capacidades psicológicas e biológicas que permitem uma adaptação satisfatória às suas vivências pessoais e sociais, podemos dizer que está num processo de envelhecimento óptimo. Continue a ler “Avaliação funcional do idoso”

Profecias autoconfirmatórias

Profecias auto confirmatóriasA profecia autoconfirmatória é a tendência que temos para confirmar as nossas expectativas, sem nos darmos conta do quanto nós próprios contribuímos para esse processo. São pensamentos preditivos que uma vez emitidos se transformam na causa que os vai realizar, gerando deste modo uma expectativa que acabará por se cumprir.

Por exemplo, quando uma pessoa se sente triste e aborrecida e pensa que os que a rodeiam não têm interesse em estar com ela, a sua atitude de menor abertura e maior pessimismo sobre si mesma irá provavelmente levar a que os outros sintam de facto uma menor vontade de estar perto de si. O eventual distanciamento por parte dos outros, por sua vez, vai reforçar as expectativas iniciais dessa pessoa de que ela é realmente desagradável ou desinteressante, entrando assim num círculo vicioso. Continue a ler “Profecias autoconfirmatórias”

Relações de amor e de amizade

Relações pessoaisO Homem é um animal relacional e estabelece ao longo da vida vários tipos de relações com os outros, tendo cada um desses tipos de relacionamentos as suas características e critérios particulares. Relações de trabalho, de amizade ou de amor, são exemplos dos vários tipos de relacionamentos que se estabelecem e mantêm (ou não) ao longo da vida.

Diferentes relacionamentos implicam diferentes critérios de escolha. Habitualmente, os critérios para a selecção de um parceiro romântico são mais exigentes do que os critérios para a escolha e criação de relações de amizade. Esse facto parece ser explicado, em parte, pelas funções evolutivas e adaptativas inerentes às relações românticas e que não se encontram presentes nas relações entre amigos. Essas mesmas funções conduzem a um maior cuidado na escolha e maior selectividade, de modo a garantir ou pelo menos procurar salvaguardar, uma genética mais favorável à descendência. Continue a ler “Relações de amor e de amizade”

Memória e formação de impressões

Formação de impressõesFormar uma impressão significa organizar a informação disponível acerca de uma pessoa de modo a podermos integrá-la numa categoria significativa para nós (Vala, J., & Monteiro, M. B, 2001).

Partindo da psicologia cognitiva, a abordagem da formação de impressões que tem como base a memória, tem o objectivo de analisar os processos cognitivos relacionados com aquisição, armazenamento e recuperação de informação. Assim sendo, é através dos esquemas mentais, isto é, estruturas cognitivas formadas por categorias, conceitos e conhecimentos anteriores que são utilizados de forma a darem coerência e sentido à nova informação permitindo categorizar e até avaliar uma pessoa quando num primeiro contacto formamos uma impressão. Continue a ler “Memória e formação de impressões”

Inteligência emocional

Competências sociaisA inteligência emocional é a capacidade que cada um de nós tem para identificar as suas próprias emoções (raiva, zanga, frustração, alegria, surpresa, tristeza, etc.) e de as conseguir gerir e controlar de modo a  poder pensar de forma clara, conter a impulsividade e tomar as melhores decisões. É ainda a nossa capacidade de reconhecer as emoções dos outros, ou seja, de se conseguir colocar no lugar do outro.

A Inteligência emocional é fundamental para que o indivíduo se possa conhecer a si mesmo e compreender os outros ao mesmo temo que pode fazer de nós seres altruístas, empáticos, com facilidade nos relacionamentos sociais e que evitam o conflito. Reconhecer as nossas próprias emoções, significa identificar o que sentimos e ter a capacidade de o expressar de forma adequada. Por exemplo, se conseguirmos utilizar um sentimento de zanga, em benefício de algo que está a funcionar mal e em consequência da nossa acção, a situação melhorar, isso é ser emocionalmente inteligente. Pelo contrário, se sentirmos raiva e usarmos esse sentimento para agredir ou destruir algo, nada vai melhorar e o problema que despoletou esse sentimento possivelmente vai permanecer ou até mesmo piorar. Continue a ler “Inteligência emocional”

Estímulos ambíguos

PercepçãoA ambiguidade ocorre quando falta uma informação fundamental para dar significado à realidade, ou seja, quando um estímulo ao nível sensorial pode gerar diferentes interpretações em termos de perceção e identificação.

Exemplo disso é o conhecido vaso que ilustra os trabalhos de Rubin (1915) sobre a organização da figura-fundo na percepção visual. Todos nós, de um modo geral, temos tendência a ordenar estímulos ambíguos e acontecimentos aleatórios. Essa tendência constrói-se no nosso aparelho cognitivo pois apreendemos melhor os fenómenos ordenados do que os aleatórios, sendo essa nossa predisposição para criar padrões e estabelecer conexões que nos faz progredir e desenvolver.

Olhar para uma nuvem e distinguir uma figura ou observar a lua cheia e identificar um rosto, são experiências comuns. Encontrar padrões e dar sentido ao que vemos é uma tendência natural, automática e inconsciente.

PercepçãoIsto poderia não constituir um problema se esta tendência não estivesse demasiado enraizada o que por vezes nos leva a aceitar determinados factos como certezas e não apenas como hipóteses. Vemos coerência onde ela realmente não existe e chegamos a acreditar em fenómenos que nunca o foram. Nestes casos mesmo examinando repetidamente os resultados de experiências que contrariam as nossas crenças, continuamos a acreditar nelas. A nossa dificuldade em lidar com o que é aleatório e imprevisível, leva-nos a acreditar em factos que cremos serem reais e sistemáticos quando na realidade não passam de factos ilusórios para os quais apenas temos explicações muito simples e infundadas.

Segundo as teorias cognitivas da ansiedade, os adultos ansiosos tendem a interpretar as situações ambíguas de forma negativa, valorizando o perigo e desvalorizando as suas capacidades de resposta.